Rir não é apenas divertido. Pessoas bem humoradas tendem a ter uma melhor saúde física e mental, pois ao rir liberam serotonina e endorfina, substâncias que trazem a sensação de bem-estar, prazer e alegria, e que ainda aliviam as dores.
Estudos da Universidade de Oxford, na Inglaterra indicam que viver bem e rir diariamente diminui o risco de doenças psicossomáticas, como a depressão, ansiedade e estresse.
O bom humor fortalece o sistema imunológico e ainda aumenta a energia, sendo o ‘antídoto’ para o estresse – rir ainda reduz em até 10% a sensação de dor.
Nesta terça-feira (18) é celebrado o Dia do Riso, e por isso o Página 3 ouviu profissionais ligados à saúde e bem-estar que destacam o quanto rir realmente é o melhor remédio!
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“O riso é a expressão mais perfeita e saudável do humor”
Joaquim Miranda da Silveira, psiquiatra
(foto – credito Arquivo pessoal)
“Existe no cérebro a região do bulbo, que está no assoalho do cérebro e é responsável pelas nossas funções inconscientes, como a batida do coração, a respiração, etc.
O riso atua aí, através da expressão de neurotransmissores, que são as substâncias que desencadeiam o humor, a alegria e bem-estar.
Consequentemente, nesse estado de alívio e contentamento o ritmo do coração é mantido em perfeita sintonia com os demais órgãos especialmente o pulmão.
Assim podemos entender que o riso, através da liberação de produtos saudáveis no corpo, protege o coração, alivia o estresse cotidiano.
O riso é a expressão mais perfeita e saudável do humor, que é como você se sente naquele momento e da positividade.
O riso aumenta também a imunidade do indivíduo, uma vez que diminui a tensão muscular em áreas do sistema digestivo, relaxa a musculatura abdominal.
As lágrimas que acompanham o riso são ricas em imunoglobulinas, que são proteínas de defesa do corpo contra infecções e doenças.
Quando você emite uma gargalhada, seus pulmões se expandem e isso funciona como um exercício para todos o sistema de transporte de oxigênio, o que torna um movimento aeróbico muito importante para o nosso sistema de transporte de oxigênio para os músculos.
A fisiologia do riso ajuda também a fazer a conexão entre o corpo e o cérebro, porque no momento da risada, a frequência cardíaca é aumentada, forçando o fluxo de sangue expandir para toda a área cerebral equilibrando as conexões e a transmissão de mensagens entre cérebro direito e esquerdo.
Rir também estimula a produção dos neurônios espelhos – quando nosso cérebro reconhece a fisionomia do ato praticado pelo outro indivíduo e acaba gerando essa imitação de forma automática e inconsciente.
A técnica de neurônios espelho é muito usada no Mentalismo. O estudo do riso é feito pela disciplina de Gelotologia”.

“Não existe uma mágica para a felicidade; ela existe dentro de cada um”
Rô Pacheco, professora de yoga e fundadora da Yoga Spanda, de Balneário Camboriú
(foto – credito Arquivo pessoal)
“É sabido que rir libera endorfinas (neuro hormônio), dopaminas (neurotransmissor) e outras substâncias químicas que melhoram consideravelmente a saúde! O bom humor é um estado de espírito.
Os tempos realmente têm sido difíceis; há desafios em todas as esferas ultimamente. Não devemos negar essas experiências desafiadoras; mas queixar-se não as resolve; ao contrário, aumenta a carga negativa que por si só já é massiva. Tudo acontece simultaneamente; uma grande dor antecede grandes transformações. Jamais podemos rir do sofrimento; principalmente alheio! Jamais devemos sequer pensar: “aquele merece passar por isso ou aquilo”. Isso denota total falta de compaixão e empatia!
Há pequenos milagres ocorrendo a todos os instantes!
Todos nós estamos destinados ao bem; tudo é uma questão de tempo.
Devemos ser gentis no dia a dia; em qualquer situação; com o caixa do mercado, com o irmão de rua… sorrir, dar bom dia! Olhar nos olhos! Essas conexões são tão simples!
Não existe uma mágica para a felicidade; ela existe dentro de cada um… assim como exercitamos o corpo, precisamos exercitar a mente para não cairmos nessas armadilhas da queixa!
Eu ensino uma visualização bem simples que consiste numa rotação de consciência pelo corpo, depois dar ritmo natural a respiração e visualizar um grande sorriso no peito, e direcionar a sensação desse sorriso as áreas do corpo que estejam mais sensíveis ou doentes. Simplesmente sentir a força desse sorriso que vem do coração!
O riso, repito, é um estado de espírito que já foi muito praticado! Tudo isso passa pelo tempo que se pratica.
Hoje tenho a impressão que uma boa parte das pessoas não pode sentir… esse afastamento do próprio coração tem trazido à tona uma rigidez, uma indiferença e uma certa rapidez nas trocas.
A prática de yoga ajuda a entender a própria mente, como somos recorrentes nas próprias armadilhas e como sair delas! Esse é um convite para uma vida inteira!
Não existe uma pílula de felicidade.
Eu atendo muitos jovens, que trilharam um caminho, por exemplo, usando várias drogas (ficar de boas o tempo todo), como uma fuga. Experimentar a frustração, a tristeza, a perda, o luto, também faz parte do caminho para voltar ao estado feliz!
Essa sociedade polarizada é o reflexo de mentes perturbadas! Polarização não é felicidade! Enquanto uma parcela diz estar feliz enquanto milhões estão infelizes! Isso não é felicidade real. Quando fazemos o bem, nossa química cerebral transborda.
Ser feliz vai além de uma compra, uma piada, uma vídeo cassetada (isso devia ser proibido), rir da desgraça alheia não é ser feliz.
Para finalizar, o codificador do Yoga, Patanjali, traz uma verdadeira receita para que a mente fique serena e feliz:
1) quando encontrar alguém feliz, fique feliz junto!
2) quando encontrar alguém infeliz, ajude no que for possível; 3) quando encontrar alguém cheio de virtudes, aproveite esse momento, deleite-se (são raros) e
4) quando encontrar alguém reticente no erro, haja com neutralidade… todos iremos despertar”.

“Não se deve descartar a possibilidade do consumo de conteúdos que gerem descontração e estimulem a alegria”
Camille Rocha, psicóloga
(foto – credito Arquivo pessoal)
“O riso é extremamente importante, pois, através dele, substâncias fundamentais ao bem-estar, como serotonina e endorfina são estimuladas. Inclusive, dentro das práticas da Psicologia, a “Terapia do Riso” é uma técnica complementar, indicada para pacientes que estejam passando por situações difíceis, como internação hospitalar de longa duração, diagnósticos de doenças terminais e/ou depressão.
O indicado é que se tenha um acompanhamento profissional e que o estímulo do riso não seja a técnica exclusiva no tratamento, mas sim como complementar.
Diversas pesquisas apontam um aumento significativo de ansiedade e depressão, desde o início da pandemia.
Acredito que além da conexão com a alegria (que é uma emoção), é importante desmistificar alguns preconceitos com relação à saúde mental.
A população precisa entender que os profissionais da saúde mental não tratam a loucura e que buscar acompanhamento psicológico não é sinal de fraqueza e muito menos de frescura.
Através da psicoterapia, é possível se questionar sobre os impactos desse cenário complexo na vida do indivíduo. Ressalto que não se deve descartar a possibilidade do consumo de conteúdos que gerem descontração e estimulem a alegria, mas não é o essencial para o momento que ainda estamos vivendo.
Eu sugiro que as pessoas façam o simples bem feito. Que cuidem de si da mesma forma que cuidam das pessoas que mais amam. Pegar sol diariamente, ter momentos de consciência do presente (de como está a respiração, os pensamentos, as emoções, a postura corporal…), ter uma boa noite de sono, fazer atividade física diariamente e beber água são fundamentais pro bem estar físico e mental”.

“Eu não tenho a menor dúvida em afirmar que o riso cura”
Caroline Baccin, psicóloga, atua nos programas Abraço, de Balneário
(foto – credito Arquivo pessoal)
“Como profissional da saúde mental, eu não tenho a menor dúvida em afirmar que o riso cura. Se a gente for pesquisar, já foram publicados diversos artigos científicos a respeito desse tema, comprovando os benefícios que ele traz para a nossa saúde emocional e bem-estar físico, mental e espiritual.
Quando a gente sorri, movimenta o corpo todo, de nossa musculatura até a liberação de alguns hormônios, como a endorfina, que é uma das responsáveis pela diminuição e prevenção da dor, além disso, diminui o estresse, aumenta a autoestima, fortalece o sistema imunológico, ajuda a manter o equilíbrio emocional, nos sentimos mais relaxados, e, com tantos benefícios, aumenta a nossa longevidade também.
O riso traz sensação de conforto, tira o nosso foco daquele problema, aquele pensamento recorrente em doença, ajudando no bem-estar.
O sorriso também aproxima pessoas, cria vínculo, e pode e deve ser utilizado como uma ferramenta de diálogo.
A nossa saúde mental também está estreitamente relacionada com a importância do riso, que libera serotonina e endorfina, que diminuem doenças psicossomáticas.
Se eu for dar dica para como as pessoas podem viver melhor, a primeira seria: façam terapia! Infelizmente, a questão financeira pode ser um impedimento, mas em Balneário temos os programas Abraço (À Mulher, À Vida, Ao Idoso, Ao Jovem, etc.), onde disponibilizamos gratuitamente para a população que necessita de suporte emocional o acompanhamento.
Manter uma rede de apoio saudável, compartilhar momentos de alegria, são pontos importantes. Assistir uma comédia, rir com amigos… uma dose diária de sorriso é contagiante!
A dica é: ria sem moderação!
Lembrando que há momentos em que de fato não temos vontade de sorrir, mas precisamos entender que nem tudo depende de nós, e devemos priorizar atitudes simples, como ter momentos de lazer e estarmos rodeados de pessoas que nos fazem bem, compartilhando momentos e afinidades”.