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Grupos se unem em favor da democracia, mas movimento nas ruas esbarra no veto ao PT

Na esteira do aumento da tensão entre os Poderes da República, com seguidas ameaças de golpe feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, movimentos liderados por empresários, intelectuais e artistas, ganharam força nos últimos meses com uma pauta em comum: a defesa do regime democrático e do estado de direito. São grupos como o Derrubando Muros, o Direitos Já! e o Pessoas à Frente, que reúnem personalidades para debater o futuro do País fora das estruturas partidárias.

Na semana passada, marcada pelo Dia Internacional da Democracia da Organização das Nações Unidas (ONU), vários destes grupos realizaram encontros com nomes que vão do ex-candidato presidencial pelo PT em 2018, Fernando Haddad, até o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Uma das iniciativas, o Direitos Já, promoveu neste fim de semana uma “Vigília pela Democracia Brasileira” com a participação de artistas e líderes políticos brasileiros, bem como de ex-governantes estrangeiros.

Segundo o coordenador do grupo, o sociólogo Fernando Guimarães, a ideia do encontro foi a de representar a construção de uma “frente ampla pela democracia”. “Para nós brasileiros, a data (o Dia Internacional da Democracia) não é motivo de comemoração, mas de luta, num momento tão difícil”, disse.

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Diferentemente do Direitos Já, o Derrubando Muros tem entre seus objetivos buscar pontos de convergência para a construção de uma possível “terceira via” eleitoral em 2022. O grupo conta com quase 100 integrantes, entre empresários, intelectuais, comunicadores e até banqueiros.

“A gente se constituiu juntando pessoas sem vinculação partidária. A nossa razão de existir é que a gente viu, já no começo da pandemia, que não existia preocupação com a governança (no Executivo federal). Nós, enquanto cidadãos, estávamos preocupados e buscamos apoio uns nos outros. O primeiro movimento foi de autodefesa”, conta o sociólogo e empresário José César Martins, coordenador do grupo.

Gestão. Já o Pessoas à Frente é uma iniciativa com foco na melhora da gestão de pessoas do Estado, nas três esferas. O grupo é mantido por três organizações não-governamentais: a Fundação Lemann, ligada ao empresário Jorge Paulo Lemann; o Instituto Humanize, que atua na área de filantropia e é presidido pelo empresário José Roberto Marinho, e o Instituto República.org, um think-tank.

“Essas fundações se uniram para trabalhar em prol de uma pauta republicana a nível nacional, mas não restrita ao governo federal”, disse Francisco Gaetani, que é presidente do Conselho de Administração do República.org. “A crise entre os Poderes agrava (os problemas) e prejudica a prestação dos serviços públicos. Estamos vivendo uma certa paralisia na administração em função desse confronto. Nós cavamos um buraco muito fundo, e não vamos sair dele de uma hora para a outra”, afirmou Gaetani.

‘Frente ampla’ na rua esbarra no veto ao PT

Os empresários Amanda Vettorazzo, de 33 anos, e Yacoff Sarkovas, de 65, participaram das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Avenida Paulista em 2015. Há uma semana, os dois estiveram na mesma via para fazer o mesmo pedido agora em relação a Jair Bolsonaro, no ato organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem Pra Rua, os mesmos grupos que estavam na linha de frente há seis anos.

Mas, se antes havia convergência na tática e nas palavras de ordem, hoje eles discordam sobre a estratégia a ser seguida nas ruas: marchar junto com o PT e unificar a oposição em clima de Diretas-Já ou seguir em raia própria e manter distância do adversário de 2015?

Integrante do grupo de renovação política RenovaBR e filiada ao Patriota, Amanda, que votou em Bolsonaro no segundo turno de 2018, disse que “com certeza” não iria a uma manifestação convocada pelo PT e afirmou que o partido “boicotou” o ato dia 12. “Sou totalmente avessa ao PT e justamente por isso defendo uma frente ampla, para poder continuar discordando de petistas democraticamente. O PT precisa reconhecer os riscos que Bolsonaro oferece às nossas instituições e deixar as eleições para 2022.”

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A empresária questiona se o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse, de fato, no impeachment de Bolsonaro ou se os atos com a sigla servirão de palanque para projetar a candidatura presidencial do petista. “Se fosse igual a essa última, sem bandeira e com representantes da direita, centro e esquerda, eu iria, mas, se for para ver o Lula fazendo campanha, eu definitivamente não vou”, afirmou.

A posição de Amanda é corroborada pelo Vem Pra Rua, que na quinta-feira decidiu não aderir a atos anti-Bolsonaro convocados por nove partidos, entre eles o PT. “Não faz sentido participar. Nosso registro histórico é anti-PT”, disse a porta-voz do grupo, Luciana Alberto.

Já Sarkovas, que não é filiado a partido e integra a “iniciativa cívica” Derrubando Muros, grupo que busca uma terceira via para a disputa presidencial de 2022, considera um “equívoco” não haver, neste momento, uma integração entre todas as forças. “Não importa quem convoca, todos têm que ir. O momento é de grandeza e desprendimento. Eu vou em todas.”

Esses dois personagens representam uma divisão que foi medida na Paulista no dia 12 por uma pesquisa feita pelo Monitor Político, da USP. O levantamento ouviu 841 dos 6 mil participantes da manifestação (segundo a Polícia Militar). Uma ampla maioria, 85%, se disse favorável à formação de uma frente ampla contra Bolsonaro, e 12% se declararam contrários.

‘Paradoxo’. Mas 38% dos manifestantes disseram que não iriam às ruas com o PT. “Esse é o paradoxo. Se entre os políticos existem dificuldades eleitorais para unir forças, na base existe muita mágoa e ressentimento. Os lavajatistas não perdoam o PT pela corrupção, e os petistas os chamam de golpistas”, disse o professor de Gestão Pública da USP Pablo Ortellado, coordenador da pesquisa.

O levantamento também mediu a popularidade dos presidenciáveis na Avenida Paulista: Ciro Gomes (PDT) foi o mais citado, com 16%; Lula veio em seguida com 14%; Sérgio Moro, 11%; João Amoêdo (Novo), 8%; e João Doria (PSDB), 7%.

No carro de som do MBL, os políticos e líderes do ato também se dividiram em relação a uma eventual aliança com o PT. Enquanto Doria, Ciro e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) defenderam a unidade, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) foi contra, assim como os dirigentes do MBL. O grupo inclusive distribuiu camisetas com o mote “Nem Lula, Nem Bolsonaro”, o mesmo que foi adotado pelo Vem Pra Rua antes de um acordo para não usá-lo no dia 12.

Um dado curioso é que, de todo o público ouvido, 37% disseram ser de esquerda ou centro-esquerda e 34% afirmaram ser de direita ou centro-direita. “Acho difícil acontecer essa tal junção entre esquerda e direita. Não vi ninguém da esquerda convidando a direita para a manifestação do próximo dia 2”, disse o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP). Ex-bolsonarista, ele rompeu com o presidente e foi à Paulista.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo, reproduzidas sob licença pelo Jornal Página 3.

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