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Balneário Camboriú
Enéas Athanázio
Enéas Athanázio
Promotor de Justiça (aposentado), advogado e escritor. Tem 60 livros publicados em variados gêneros literários. É detentor de vários prêmios e pertence a diversas entidades culturais. Assina colunas no Jornal Página 3, na revista Blumenau em Cadernos e no site Coojornal - Revista Rio Total.
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FERNANDO JORGE EM COMBATE

O incansável e destemido escritor e jornalista Fernando Jorge está mais uma vez em combate. Incapaz de se conter diante da ignorância e da hipocrisia, ele investe contra elas com as armas do saber para desmascará-las aos olhos de seus leitores. Corajoso como poucos, não teme jamais colocar o dedo na ferida sejam quais forem as consequências. Considerado perigoso (como ele próprio afirma), desafia adversários poderosos, mas poucos se arriscam a enfrentá-lo no campo das ideias e da cultura.

No final do ano passado ele publicou dois livros que constituem desafios para grandes e tumultuosas polêmicas, mas, ao que parece, até agora ninguém se arriscou a contestá-los. Li ambos os volumes com detida atenção e mais uma vez me impressionei com a cultura do Autor e a fundamentação de suas afirmações. São libelos contundentes contra os quais é impossível uma oposição capaz de contradizê-los de maneira eficaz.

Refiro-me aos livros “Paulo Coelho atacou Jesus Cristo” e “Em defesa de Jesus Cristo”, ambos publicados em edições do Autor e que chamam ao combate numerosas figuras do país e do Exterior. Recebi-os do próprio Autor, com amáveis dedicatórias, acompanhados de variado material publicado na mídia a respeito de sua obra.

No primeiro livro mencionado, Fernando Jorge aponta os ataques de Paulo Coelho à figura de Cristo publicados na imprensa nacional e do Exterior. Baseado em fontes sérias e confiáveis, refuta cada um deles com o ímpeto de um cristão ofendido. Não satisfeito, esmiúça a obra de Coelho corrigindo os incontáveis erros de português que vai encontrando. E chega ao limite da irritação quando comenta a afirmação do “mago” de que é capaz de se tornar invisível e de fazer chover e ventar. Os adeptos e seguidores dele também não escapam e entram na roda de laço: Daniela Mercury, Adriana Calcanhoto e o padre Emílio Silva Castro. “Deus os castigará, tenho certeza. O fim deles será triste, sombrio trágico” – garante Fernando, A ministra Damares Alves recebe seu quinhão e, a meu ver, com toda a razão, como também acontece com o acadêmico Evanildo Bechara, autor da reforma gramatical, com o falecido Paulo Francis e com a própria Academia Brasileira de Letras

O segundo livro não é menos interessante. É um misto de memorialismo, registro histórico e desabafo. Este trecho revela bem o estado de espírito do Autor: “Estamos num país chamado Brasil onde milhões dos seus habitantes se acomodam, não reagem em frente ao erro, da mentira, da calúnia, do disparate, da injustiça. O romancista Lúcio Cardoso acertou quando proferiu esta frase: O Brasil é uma rosa parda de confusão”.

Essa passagem me faz lembrar da querida amiga Edith Kormann. Indignada com as barbaridades que aconteciam, ela se munia de uma placa com os dizeres que julgava convenientes e desfilava sozinha pela Rua XV de Novembro, em Blumenau, desde o antigo fórum até a Fundação Cultural, indiferente às críticas e xingamentos. Depois se mostrava satisfeita e tranquila. Pelo menos ela não se omitira diante de algum despautério.

O Autor inicia condenando a Opera Rock Jesus Cristo Superstar, de Andrey Lloyd Weber e Tim Rice, como já fizera quando jurado em programa de televisão de Flávio Cavalcanti. “Metia o pau na peça, de forma violenta”, relara ele, o que provocava grande reboliço na imprensa. Chamavam-no de fanático, perigoso, grosseiro, demagogo, revolucionário. Indiferente, esgrimia sua argumentação irrefutável e precisa para ódio e desconcerto dos adversários. “A minha consciência tem para mim mais peso que a opinião de todo mundo”, exclamava ele respaldado num dos princípios de Cícero. Poucos não foram os que receberam suas cacetadas nessa longa e rumorosa polêmica: Léa Penteado, biógrafa de Flávio Cavalcanti, Carlos Imperial, o jornalista Ferreira Neto, Olavo de Carvalho e outros tantos, mas também teve grandes defensores como Ênio Silveira, Alberto Dines, Ester de Figueiredo Ferraz, Nelson Rodrigues. Nunca se abateu, nem mesmo quando seu livro foi acusado da morte de Paulo Francis, recordando os versos de Gonçalves Dias:

“Não chores meu filho;
não chores, que a vida
é luta renhida;
viver é lutar.
A vida é combate
que os fracos abate,
que os fortes, os bravos
só pode exaltar.”

O livro prossegue num desfile frenético de fatos e incidentes que revelam a cada passo novos personagens que interagiram com o Autor, homem incansável nas suas múltiplas atividades de escritor e jornalista. Recorda incidentes em que esteve envolvido, chocantes ou divertidos, com figuras das mais conhecidas. Cidinha Campos, Pedro de Lara, Fernando Sarney, Marta Suplicy, Clodovil, Jô Soares, Ancelmo Góis, jornais “Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”.

Dois capítulos se entrelaçam revelando um homem de fé e sincero cristão. “Cinco provas históricas da passagem de Jesus por este mundo” e “Os ateus me provam a existência de Deus”, o primeiro um pequeno ensaio fundamentado em elementos inequívocos e o segundo um exercício da mais pura lógica.

O livro “O Código da Vinci”, de Dan Brown, muito lido e comentado aqui e no mundo, é submetido a uma análise implacável, não restando pedra sobre pedra. Considera seu conteúdo uma afronta à figura de Cristo e àqueles que professam o cristianismo. Suas manifestações a respeito provocaram renhidas discussões, mas o livro resultou cambaleante.

O poeta Salman Rushdie e os cartunistas do Charlie Hebdo também receberam minuciosa análise.

O Nazareno encontrou um defensor competente e sincero, sempre de arma em punho contra os seus detratores – o livro.

Resta uma palavra sobre a fortuna crítica e o acervo documental de Fernando Jorge, ambos volumosos e de significação Dentre os muitos que se manifestaram a respeito da obra do escritor estão Mário Sérgio Cortella, Guilherme Xavier, Sillas Correa Leite, Afanásio Jazadji, José Campos, Lauro Jardim, ngelo Henrique Richetti, Luiz Toledo Machado, Regiane Musa, Raul Jafet, Paulo Magrão, Ricardo Anísio, Antônio José da Luz, Thomaz Aquino de Queiroz, Roberto Romano, Iracema M. Régis, Marcos Mendonça e incontáveis outros.

Consagrado pela melhor crítica, Fernando Jorge está presente em cada uma de suas obras. Não se poupa ao trabalho e nunca foge da pesquisa por difícil e longa que seja. Como ele mesmo proclama, a verdade não pode ser fuzilada.

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