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Balneário Camboriú
Dalton Delfini Maziero
Dalton Delfini Maziero
Historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador das culturas pré-colombianas e história da pirataria marítima.
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O TESOURO DO PIRATA SAMUEL BELLAMY

Ao contrário de outros piratas violentos e sanguinários do século XVIII, o capitão inglês Samuel Bellamy será lembrado pela sua cordialidade e generosidade para com a tripulação e os menos favorecidos. Não sem motivo, recebeu o apelido de Robin Hood dos Mares e Príncipe dos Piratas, por causa de suas atitudes democráticas para a época, o que incluía uma justa divisão dos tesouros roubados.

Sabemos pouco ou quase nada, sobre sua infância miserável. Bellamy nasceu em Devonshire (Inglaterra) em 1689, e desde cedo jurou vencer a pobreza que se abatia sobre ele e sua família. Foi o mais novo entre os seis filhos do casal Stephen e Elizabeth Bellamy. Como na época não haviam muitos empregos disponíveis, o jovem decidiu seguir a carreira de marinheiro, prestando serviços a qualquer embarcação que o acolhesse. Com cerca de 20 anos e já experiente na navegação, decidiu ir a Cape Cod (Massachusetts, EUA) onde, segundo as lendas, se apaixonou pela jovem Mary Hallett. 

Mary era de uma família tradicional e seu pai estabeleceu uma barreira intransponível para a relação entre os dois. Ele não aceitava a situação financeira de Bellamy, como mero marinheiro. Jurando retornar com dinheiro suficiente para pedir sua mão em casamento, partiu de Cape Cod e estabeleceu uma parceria com Paul Williams na busca e resgate de tesouros espanhóis naufragados na costa da Flórida. Ao que parece o negócio não prosperou, e em 1715 já se encontrava como tripulante do navio pirata Mary Anne, capitaneado por Benjamin Hornigold. Em 1716, Bellamy sucedeu Hornigold como capitão do Mary Anne, e em sua primeira ação capturou o navio Sultana, fazendo deste sua nau capitânia e delegando o Mary Anne aos cuidados do amigo Paul Williams. 

A carreira de Samuel Bellamy foi incrivelmente rápida, mas igualmente lucrativa! Como capitão pirata, podemos dizer que ele atuou por aproximadamente um ano, e mesmo assim tornou-se um dos piratas mais ricos da história. Neste período, ele e sua tripulação capturaram mais de 50 navios, de diversas nações, formando um espólio avaliado em U$ 130 milhões, incluindo uma carga de marfim, índigo, ouro, pedras preciosas, prata e uma quantidade enorme de moedas.

A tática usada por Bellamy era a de aprisionar um navio cada vez melhor, capacitá-lo com armamento pesado e delegar o navio antes usado a um de seus companheiros, tornando-o capitão. Caso notável foi a captura do Whydah Gally, um navio negreiro inglês de 300 toneladas, carregado de escravos, ouro e produtos para comércio. Bellamy se apossou do Whydah, equipando-o com 28 canhões de combate e deixou o Sultana ao capitão inglês espoliado, como compensação pela perda de seu navio negreiro. A tripulação de escravos foi libertada e quase todos se uniram a Bellamy de bom grado, passando de escravos a piratas em questão de minutos.

Com os porões forrados de tesouros, seguiu para Cape Cod com o aparente objetivo de visitar sua amada Mary Hallett, mas ele nunca chegou ao seu destino. Na noite de 26 de abril de 1717, o Whydah e o Mary Anne – e toda sua tripulação – foram varridos por uma violenta tormenta. Os navios foram destroçados, e dos aproximadamente 150 piratas a bordo, apenas uns oito conseguiram nadar até o litoral. O Whydah foi virado de cabeça para baixo pelas ondas. Quase toda a tripulação morreu afogada – incluindo Samuel Bellamy – e todo tesouro despejado nos bancos de areia da traiçoeira região. Os sobreviventes foram capturados pelas autoridades e julgados por pirataria. Dos oito piratas, seis foram enforcados e dois perdoados.

Durante séculos, a história do capitão Bellamy e do navio Whydah povoou a imaginação dos moradores de Massachusetts, até se transformar em uma lenda local. Até que em 1984, o mergulhador e caçador de tesouros subaquáticos Barry Clifford, anunciou um projeto de resgate do navio pirata. Em 1985, localizou o naufrágio e obteve a prova definitiva de seu achado, ao resgatar um sino com as palavras gravadas: The Gally Whydah 1716.

As explorações do navio Whydah continuam ainda hoje. Em 2021, a equipe de Clifford localizou diversos esqueletos que estão sendo analisados para determinar seu DNA, e consequentemente, a origem da tripulação. Todos os artefatos resgatados desde a década de 1980 – inclusive parte do tesouro de Bellamy – estão hoje expostos no Whydah Pirate Museum, em West Yarmouth, Massachusetts (EUA).

Dalton Delfini Maziero é historiador, escritor, especialista em arqueologia e explorador. Pesquisador dos povos pré-colombianos e história da pirataria marítima. Visite a Página do Escritor (clique aqui) 

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