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Balneário Camboriú
Raul Tartarotti
Raul Tartarotti
Engenheiro Biomédico e cronista.
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Desejos sonhados pela alma

Meu despertador toca em momentos inesperados, mas sempre bem vindos, como quando estou sentado à beira da janela da sala, ou no café da esquina na mesa da calçada. 

É a fome pela literatura. Ela me chama atenção ao que é necessário para uma melhor aptidão na vida social, e o que é importante para que eu possa obter condições de ser aceito de bom grado em um círculo de amigos, onde cada um possui seu próprio regulamento, suas próprias convenções ou leis, com lógicas dedicadas ao seu oráculo.

As pessoas se reúnem para discussões calorosas, onde alguns enfadonhos se destacam e os silenciosos treinam suas atitudes com olhar desconfiado de que estão no mundo errado.

Muitos se põem a esbravejar uns com os outros e dizem duras verdades, até que no final tudo se desfaz com sólida experiência da vida prática.

Por isso, eventualmente, é melhor ficar em casa onde é mais natural e não é preciso ter aptidão com aquele sossego atraente.

Não foi o que propuseram os filósofos conhecidos como estoicos, que surgiram numa época onde os discursos eram realizados na rua, e ensinavam a refletir sobre a existência em sociedade.

Junto aos pilares de algum prédio grego ou romano, escandalosamente construídos para todo sempre, pregaram pensamentos que compartilhamos ainda hoje, e até que a morte nos afaste os olhos deles.

Se é verdade que podemos apenas viver com uma pequena parte daquilo que há dentro de nós, o que acontece com o resto?

Se sobrou muito, entende-se facilmente que essa pessoa se esquece de que a vida é toda uma arte, de que viver significa fazer de si mesmo uma obra-prima.

Por isso, sou aquilo que leio, que repito no ar por vezes e outras tantas entrego meu melhor ao oponente ou aquele que tenho interesse em trazer para perto, promovendo uma rede de relações ricas pela diversidade.

“A vantagem em se embrenhar nas relações humanas é que não corremos o risco de permanecer no austero pântano íngrio”, como escreveu Dostoiévski em sua crônica de Petersburgo, publicada em abril de 1847, tão usual quanto franca.

Nossa experiência do mundo é obra nossa, não do mundo, e caso você aceite assumir essa responsabilidade já é meio caminho andado para o encontro de sua alma com seu espelho.

Por isso aposte seu bem-estar naquilo que pode controlar, e abandone o apego àquilo que não lhe cabe decidir.

Em nome do bom senso, concorde sempre com a rima.

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