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Balneário Camboriú
Raul Tartarotti
Raul Tartarotti
Engenheiro Biomédico e cronista.
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O caminho é sempre melhor que a pousada

A destruição das superstições pôde ter início com a ciência escrita e falada, pois o acesso ao conhecimento humano nos mostra a verdade, e desmascara o que até então era tido como guia, para nossas vidas cegas.

Denis Diderot, escritor, filósofo e profeta do livre pensar, foi um dos primeiros indivíduos que fizeram da literatura seu ofício. Sempre foi um admirador e entusiasta da vida em todas suas manifestações. Por 21 anos ele trabalhou em sua obra-prima, a Encyclopédie (1750-1772) ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers (Dicionário razoado das ciências, artes e ofícios), onde buscou reportar todo o conhecimento que a humanidade havia produzido até sua época.

Para os afortunados do seculo XXI que nasceram buscando informações na “internet”, podemos dizer que as enciclopédias do passado foram o similar impresso dos buscadores espalhados pela “web”. 

Diderot escreveu uma das primeiras enciclopédias que alguma vez existiram, foi publicada na França no século XVIII. Esta grande obra, compreende 35 volumes, 71.818 artigos e 2.885 ilustrações. Mesmo que, na época, o número de pessoas que sabia ler fosse pouco, ela foi vendida com sucesso.

Diderot também escreveu 111 artigos sobre o Brasil colonial. Aquele texto profundamente reduzido e recheado de estereótipos foi publicado da seguinte forma: “o interior do Brasil é habitado por povos selvagens, e desfiguram seus rostos para parecerem mais assustadores a seus inimigos; as pessoas dizem que são canibais. Os mais conhecidos são os Topinambous, Majargas e Onetadcas. Essa parte do mundo é muito rica. 

O conhecimento se espraia na mente dos indivíduos, que o carregam para ensinar e mostrar novos rumos. Assim se constroem tempos de plenitude como resultado de muitas idades preparatórias, de outros tempos de pouca sabedoria, sobre o qual foi montada essa hora requintada de novos saberes. 

Naquela enciclopédia eu arriscaria incluir uma história típica de uma região de Estrasburgo, que em minhas viagens literárias conheci em nobres páginas escritas por curiosos do mundo. 

Há quase 500 anos, algo sinistro tomou conta dos habitantes de uma cidade francesa. Conhecida como a “praga da dança de Estrasburgo”. O surto consistiu em centenas de pessoas atravessando noites dançando sem parar – não comiam nem bebiam – até a total exaustão ou até a morte. 

Uma média de 400 pessoas que dançavam sem parar, havia cerca de 15 mortes diárias. Após 3 meses, o surto simplesmente acabou instantaneamente; mais um capítulo encerrado. 

As enciclopédias nos fizeram reis e rainhas de nossa sabedoria, trouxeram luz a muitas dúvidas e devaneios. As descobertas nos preencheram com sua autenticidade, mas a plenitude vital não consiste na satisfação da conquista da chegada. Como disse Cervantes: “O caminho é sempre melhor que a pousada”.

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