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Balneário Camboriú
Raul Tartarotti
Raul Tartarotti
Engenheiro Biomédico e cronista.
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Um olhar mais apurado

Na oportunidade da última edição da flip 2023, Festa Literária Internacional de Paraty, o evento recebeu uma rainha, que caminhou pelas pedras das ruas nem tão tortas daquela região, que é patrimônio natural e cultural brasileiro.

Os visitantes podem não ter percebido a presença da rainha Leda Maria Martins, porque ela usava trajes civis. 

Porém, é a única das principais intelectuais brasileiras, negras, a ostentar uma coroa. 

Desde 2005 a Leda poeta, dramaturga, ensaísta e professora, é a rainha de Nossa Senhora das Mercês, no reinado de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá, em Belo Horizonte.

Esse reinado é uma manifestação da tradição religiosa “banto” que o Brasil ignora, mas que possui uma cultura riquíssima da civilização de nosso país.

Uma das ideias desenvolvidas por Leda é a de que os negros trouxeram ao Brasil uma série de conceitos filosóficos, que não foram registrados em textos, mas em cantos, danças e encenações com o corpo. 

E a partir do estudo da linguagem dessas performances ela desenvolveu muitos conceitos.

Essas movimentações corporais eram rituais calundu (uma variante do vocábulo quilundu), serviços espirituais prestadas à população de Minas Gerais pela negra Luzia Pinta, Angolana trazida para o Brasil pelo tráfico negreiro no início do século XVIII.

Foi considerada “feiticeira”, por isso presa e julgada pelos inquisidores, que tinham interesse em desvendar os significados dos serviços, levando-a ser torturada na busca de provas de um pacto com o demônio, durante suas práticas, mas nunca encontraram o que procuravam, e “banto” não se apagou.

Quase trezentos anos após esse drama racista, Djamila Taís Ribeiro dos Santos, filósofa, feminista negra, escritora, acadêmica brasileira, pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo, chega em Nova York para assumir a Andrés Bello Chair in Latin American Cultures and Civilizations.

Se pensarmos um pouco mais sobre nosso futuro encontraremos o inesperado, guardado em uma das gavetas de nossos desafios. 

Os elementos são básicos e sempre os mesmos, coragem, determinação, e um olhar mais apurado dos orixás.

Esses talvez ajudem abrir os caminhos e tragam proteção, ao menos são os pré requisitos mais comentados daqueles que buscaram seus melhores dias antes da batida final de nossos ventrículos.

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