RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – As exportações de ovos in natura e processados para os Estados Unidos cresceram 996% nos cinco primeiros meses deste ano, desde que o país de destino passou a sofrer com preços recordes no início do ano.
Os embarques para os EUA totalizaram 9.735 toneladas de janeiro a maio, com crescimento ainda mais expressivo no mês passado, quando a alta foi de 1.384%, com a exportação de 4.166 toneladas, 42,8% do total, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
Principal mercado para os ovos brasileiros, os EUA tiveram preços recordes de ovos neste início de ano, o que levou Washington a buscar maneiras de aumentar as importações.
Desde 2022, o vírus da gripe aviária dizimou quase 170 milhões de galinhas, perus e outras aves no país, e a escassez elevou os preços dos ovos em 53,6% no atacado em fevereiro, antes de uma leve queda no mês seguinte.
Isso fez restaurantes subirem os preços dos cardápios, e supermercados enfrentaram estoques reduzidos. O governo do republicano Donald Trump lançou um plano de US$ 1 bilhão para conter os preços, incluindo medidas para evitar a propagação do vírus e pesquisas sobre vacinas, e buscou aumentar importações de países como Brasil, Turquia e Coreia do Sul.
Depois dos EUA, as principais exportações brasileiras foram para Chile, com 2.354 toneladas (+10,8%), Emirados Árabes Unidos, 1.422 toneladas (-13,8%), e Japão, 1.422 toneladas (+160,9%).
As exportações, considerando todo o mercado, subiram 295,8% em maio, com 5.358 toneladas.
Presidente da ABPA, Ricardo Santin afirmou que o setor tem acumulado forte alta em meio a uma “reconfiguração do fluxo de embarques”. Segundo ele, mesmo com as suspensões decorrentes do foco de gripe aviária em Montenegro (RS), as vendas continuaram fortes e demonstram “confiança” dos mercados na produção nacional.
Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os preços dos ovos no mercado interno têm crescido nos primeiros dias de junho depois de dois meses consecutivos de queda.
Na avaliação do órgão, com a virada do mês e a melhora no poder de compra da população, a procura por ovos cresceu, o que é considerado um movimento típico do período.
A oferta, que esteve elevada em maio, também está mais ajustada agora -e as exportações em alta contribuíram para isso.
O fato de não haver registro de novos casos de gripe aviária em granjas comerciais do país até o momento permitirá que o Brasil retome o status de livre da doença a partir do dia 18, quando serão completados 28 dias desde o controle da doença.
Os EUA são foco não só para os embarques brasileiros, mas também para o ingresso no mercado produtivo norte-americano.
Em maio, o empresário Ricardo Faria, dono da Granja Faria e da Global Eggs e apelidado de “Rei dos Ovos”, anunciou a conclusão da compra da Hillandale Farms, um dos maiores fornecedores de ovos de galinha dos EUA.
Em março, a Global Eggs, holding de capital fechado controlada pelo empresário, anunciou que concordou em pagar US$ 1,1 bilhão (R$ 6,127 bilhões, ao câmbio desta terça) pela companhia.
Com a compra, a Global Eggs terá produção superior a 13 bilhões de ovos por ano, com presença em mais de 20 países.