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Balneário Camboriú
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Balneário Camboriú não terá Carnaval de Rua

Liga Carnavalesca diz que é ‘hipocrisia’, já que casas noturnas farão suas festas

Por conta da pandemia, Balneário Camboriú não realiza o seu Carnaval de Rua há dois anos. A última edição aconteceu em 2020. Neste ano o Carnaval aconteceria, com o planejamento das festividades sendo discutido desde 2021. Porém, no início de janeiro, o prefeito Fabrício Oliveira anunciou o cancelamento (relembre aqui) por conta do aumento de casos de gripe e Covid-19.

Na ocasião, a Liga Carnavalesca de Balneário Camboriú se pronunciou apoiando a decisão, mas como o cenário melhorou e a suspensão das atividades não incluiu as casas noturnas da cidade e da região – que terão inclusive shows nacionais, a Liga e foliões dizem tratar-se de ‘hipocrisia’, já que apenas o Carnaval de Rua foi afetado pelo cancelamento. 

O Página 3 conversou com representantes da entidade, foliãs e realeza do Carnaval, que opinaram sobre a situação. Acompanhe.

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Parece que estamos presos em um grande 2020

Evandro (de branco) atua no Carnaval de Balneário há anos e é vice-presidente da Liga Carnavalesca (foto Arquivo pessoal)

O vice-presidente da Liga Carnavalesca de Balneário Camboriú, Evandro Rocca, definiu a situação como ‘triste’ porque estão vendo casas noturnas lotadas e que o público está indo para esses locais. 

“Sendo que na rua seria bem mais saudável. Ficamos nessa situação e não podemos fazer nada. O ano só começa após o Carnaval, mas parece que estamos presos em um grande 2020. O golpe está aí”, afirma. 

Evandro relembra que a Secretaria de Turismo havia solicitado no início de janeiro 20 dias para ter uma resposta mais ‘palpável’ sobre o cancelamento ou não do Carnaval, mas a Liga percebeu que o prazo organizacional estaria comprometido. 

“Já estávamos com dificuldade orçamental em termos de trios elétricos e bandas, por isso optamos por cancelar juntos; não teríamos como manter a qualidade de 2020, que foi o melhor Carnaval de Rua que fizemos em Balneário até hoje, com nove mil foliões, sendo cerca de três mil turistas. 

Se fizer a conta, em 2020 circularam pelos desfiles 200 mil pessoas, sendo 120 mil turistas; se cada um gastou R$ 400/dia já dá para calcular a perda financeira que a cidade está tendo”, pontua.

Liga esperava suspensão de todos os eventos

Porém, o vice-presidente lembra que a Liga esperava que todos os eventos fossem cancelados, o que não aconteceu. Inclusive, dias após o cancelamento do Carnaval de Rua ser anunciado, uma festa evangélica aconteceu na praça Almirante Tamandaré, com palco, shows e até ‘pista de dança’. 

“Diante disso, vemos que existe sim um preconceito contra o Carnaval, da mídia, da comunidade e do poder público. E também há uma certa hipocrisia, as pessoas ficam felizes com a infelicidade dos outros. 

Se a pandemia está como falam, tudo deveria estar fechado. Já fomos afetados por isso em 2021, quando elaboramos um desfile com protocolo seguro e foi cancelado em cima da hora, sendo que havia sido autorizado. 

Balneário poderia ter sido exemplo de como organizar Carnaval seguro e com protocolo adequado. Não copiamos o Carnaval de ninguém, fizemos o nosso próprio Carnaval com blocos familiares, blocos jovens, conseguiríamos sim ter organizado algo com protocolo seguro. 

Poderíamos pelo menos passar com trio pela cidade. Parece que simplesmente esqueceram que existe Carnaval”, opina.

Diretoria da Liga comandada pelo presidente Roni (de rosa, no centro). Evandro (à esquerda de Roni) é o atual vice. (Divulgação/LCBC)

Evandro conta que a Liga considerou questionar a prefeitura após o cancelamento e melhora no cenário dos casos de Covid e gripe, mas que houve um receio por conta da opinião pública. 

“Vemos que o governo municipal poderia ter feito um projeto para assessorar, principalmente a Escola de Samba Unidos do Samboriú, que é a única da cidade. 

A Liga envolve muita gente, criamos um know-how e durante todo o ano de 2021 a Fundação Cultural nem entrou em contato com a gente. 

Acreditamos que não vai ter nem menção de Carnaval em Balneário, e a Liga não ‘admitiria’ que a prefeitura fizesse algo, porque cancelaram os nossos desfiles. 

Muitos artistas estão ligando pedindo para ‘salvá-los’, para participarem da programação, mas não temos o que fazer porque nada vai acontecer… tem coisas que o poder público precisa abraçar também e que não depende só de nós”, acrescenta.

Carnaval deve acontecer em 2023

A Liga Carnavalesca espera que o Carnaval de 2023 aconteça, e os preparativos para organizá-lo já vão iniciar. 

“Estamos preparados para fazer um grande Carnaval, que será de estourar. Ficamos satisfeitos porque não tivemos perdas de blocos, de associações. Falamos a mesma língua que eles, ficamos bem contentes. 

Por enquanto, todos continuam apoiando a Liga em todas as diretrizes, ninguém saiu ou criticou. Entenderam a situação que se algo acontecesse, se os casos aumentassem, a culpa seria do Carnaval. 

Milhares de eventos antecederam o Carnaval e 50 dias antes, desde o início de janeiro, a culpa já estava sendo colocada no Carnaval”, aponta.

Evandro aproveita para completar citando que a Liga espera que a prefeitura e a comunidade de Balneário valorize mais os carnavalescos da cidade, porque a cidade possui uma Liga Carnavalesca ativa, ‘com potencial de grandes capitais’. 

“A Liga já se coloca à disposição para participar junto com Secretaria de Turismo para divulgar o Carnaval em outras cidades e países, estamos preparados para participar disso. A Liga estava preparada para fazer o Carnaval de 2022, mas infelizmente dependemos da prefeitura para algumas coisas. Esperamos que em 2023 seja diferente”, finaliza.


Inimigos da Segunda fará Carnaval na Praia Brava

Diante do cancelamento, há blocos carnavalescos da cidade que estão fazendo festas fechadas, como é o caso do Inimigos da Segunda, o maior de Balneário Camboriú, que fará um evento no Brava Music, que fica na Praia Brava de Itajaí, no domingo (27), a partir das 17h (abadás estão à venda através do Instagram @inimigosdasegunda, por R$ 100). 

Victor Alves (foto Night e Cia)

O presidente do Inimigos, Victor Alves Santos, diz que com a proibição do Carnaval, ‘não só de Balneário, mas do Brasil inteiro’, a diretoria do Inimigos viu que não poderiam deixar passar mais um ano sem o bloco se reunir. 

“Fomos obrigados a ir para esse lado da festa com o Inimigos. Não posso ser inocente a ponto de dizer que não existe perigo, mas acho que se houvesse esse tipo de proliferação de vírus essa festa que estamos fazendo seria até mais contagiosa do que ao ar livre. 

No momento em que vi que não teria Carnaval de Rua, começamos a pensar em um plano B. Porém, grandes empresas que nos patrocinavam, como Ambev e Catupiry, optaram por não patrocinar este ano. 

Portanto, não conseguiremos ter open bar, e por não estar na rua não vai ter trio, mas manteremos tudo – abadá, bateria, vamos tocar durante duas horas”, conta. 

O evento, que terá a duração de cinco horas e meia, contará ainda com a participação do grupo Falafera e do DJ Edu Amarante, com a capacidade para 500 pessoas (no desfile na rua participavam duas mil).

Inimigos é o maior bloco carnavalesco de Balneário (foto Inimigos da Segunda)

Victor aproveita para opinar que a ‘hipocrisia’ com o cancelamento do Carnaval de Rua está no Brasil inteiro, e que diante disso o ‘problema’ não está somente na prefeitura de Balneário Camboriú. 

“Eu acredito, sim, que daria para fazer Carnaval de Rua hoje, mas precisaríamos ter a liberação há três meses. Pequenos blocos conseguiriam organizar em 20 dias, com ajuda do poder público, mas blocos maiores, como o Inimigos, precisam de mais tempo. 

Se o poder público soubesse como estamos hoje, a maioria optaria por manter o Carnaval. Eu não sei se eu, enquanto autoridade pública, compraria essa briga, ainda mais em ano de eleição. 

Preconceito pode ser uma palavra pesada, mas acredito que existe uma predileção quanto aos eventos realizados, mas falavam que o Carnaval iria piorar a situação, e desta vez não seremos culpados”, afirma.

A esperança se multiplica para o ano que vem”:
Inimigos poderá ter desfiles na Brava e em Balneário

Pelo primeiro ano, Inimigos fará Carnaval na Praia Brava (foto Thiago Viana)

O presidente do Inimigos aponta ainda que o Carnaval de Rua de Balneário está crescendo e que, futuramente, pode ser um motivo para que os turistas escolham vir para a cidade neste feriado. 

“Seria muito legal para a cidade ter Carnaval de Rua, nós do meio ouvimos muita gente perguntando. Acho que o turista não vai se surpreender por não ver decoração e shows na rua, por exemplo, porque faz parte do cenário da pandemia, mas vai ser triste. 

Eu estava muito esperançoso deste ano acontecer [o Carnaval de Rua], trabalhamos para ter este ano, tanto que os patrocinadores abdicaram na última hora. 

Agora, a esperança se multiplica para o ano que vem, creio que estamos no fim da pandemia e que teremos um baita Carnaval em 2023. 

A Praia Brava tem muito a ver com o que a gente faz, e tem estrutura na orla, não tem fios e nem árvores que atravessa a avenida, e dá para colocar um trio top. 

Já temos a ideia para 2023 de ter desfile na Brava e em Balneário”, completa.

DJ Folia, trio mais ‘badalado’ de BC, também não sairá

Os foliões Beto Teixeira e sua Fabiane (Divulgação/DJFolia)

O trio DJ Folia, comandado pelo construtor que ‘ataca’ como DJ, Beto Teixeira, está completando 12 anos, e assim como os outros blocos da cidade, não sairá em 2022. 

“A saudade é grande do Carnaval de Rua, do nosso Trio Elétrico DJ Folia, que por 10 anos levou alegria para todos que adoram o Carnaval de verdade com muitas marchinhas e sambas, mas infelizmente não iremos sair neste ano”, conta.

DJ Folia só no Carnaval do ano que vem. (Divulgação/DJFolia)

Segundo Beto, assim como os demais grupos da cidade, o DJ Folia também estava com esperanças de que o Carnaval de Rua deste ano aconteceria. 

“Estávamos acompanhando os números da Covid em outubro de 2021, quando os casos começaram a cair bastante, e acendeu uma esperança que poderíamos montar nosso Trio Elétrico para 2022, mas aí veio a ômicron e azedou tudo (risos)”, diz. 

O DJ Folia salienta que quem decidiu cancelar o Carnaval de Rua de Balneário Camboriú foi  a Liga Carnavalesca, a qual ele integra a diretoria. 

“Só que houve um vazamento de informações não sei por parte de quem, aí cancelaram antes de a Liga se pronunciar oficialmente para a Secretaria de Turismo, mas nós da Liga Carnavalesca já tínhamos decidido cancelar”, relembra.

Beto acrescenta que tem esperança sobre 2023 e o Carnaval voltar. 

“Creio que todos terão que conviver com este vírus por mais um bom tempo e o Carnaval de 2023 ainda é uma ‘???’. Fica uma frase para todos que gostam de Carnaval: ‘não deixe o samba ‘morrer’”, completa.

Nosso Bloco, o primeiro da Brava, não vai acontecer

Gabriel com o filho, no Nosso Bloco de 2020 (foto Arquivo pessoal)

O Nosso Bloco era, até então, o único da Praia Brava de Itajaí, organizado pelo médico oncologista Gabriel Quintela, carioca de nascimento que se mudou para Balneário por conta do trabalho e sentia falta do Carnaval do Rio. 

“Não vamos fazer o Nosso Bloco neste ano, ainda não se tem uma segurança. Aglomerar pode aumentar o risco de nova onda, apesar de ter uma liberação da Secretaria de Saúde para aglomerações seguindo algumas regras, ainda achamos que é algo inseguro. 

O Nosso Bloco é feito em formato de festa fechada e teoricamente teríamos liberação, mas ainda é um risco. A gente viu que várias cidades do Brasil cancelaram o Carnaval – Rio, São Paulo, Salvador; muita gente que vive de Carnaval cancelou, colocando a saúde em primeiro lugar. 

É bastante preocupante fazer festa de Carnaval, já que não existe Carnaval sem aglomerar”, analisa.

Gabriel afirma que é contra a festa de Carnaval neste momento, e que mesmo com a onda decrescente de casos e a vacinação caminhando bem em Balneário e região, vem gente de fora, o que não garante a segurança do Carnaval. 

“Estão confundindo transmissão x letalidade. Mas para ano que vem, acredito sim que conseguiremos fazer. Mantemos o mesmo discurso do ano passado, de esperança. 

Achávamos que este ano daria para fazer, que era vacinar e pronto, mas não foi assim. 

Porém, pela primeira vez tenho visto alguns infectologistas começarem a falar de endemia e não pandemia – será uma doença que vai entrar para a nossa rotina. Vai ter pico, mas tem vacina e dá para se pensar em Carnaval em 2023”, completa.


Bloco do Zero, que traz a cultura para a avenida, também não vai acontecer

Fernando Honorato (foto Arquivo pessoal)

Fernando Honorato é o presidente do Bloco do Zero, que desfila em Balneário desde em 2015 e em 2020 fez o seu maior Carnaval, com a participação de cerca de mil pessoas, sendo o único bloco 100% gratuito da cidade. 

“No Bloco do Zero trazemos coletivos diferentes, voltados para o lado cultural. Para nós, foi terrível o cancelamento. Em 2020, nosso último desfile, muitas pessoas que participaram disseram que nunca tinham participado de bloco, em Balneário muito menos. 

Foi o único bloco 100% gratuito de Balneário, não cobramos absolutamente nada e saímos dentro do circuito oficial. A maioria do público eram moradores que se sentiram prestigiados a participar”, relembra.

Segundo Fernando, desde 2021 estavam organizando o desfile de 2022, com muitas reuniões e articulações. 

“Iríamos aumentar as participações de coletivos que não teriam como participar de outro modo do circuito oficial se não fosse através de nós. Estava tudo pronto para sairmos na avenida. Foi uma decepção tremenda. 

A Secretaria de Turismo deu incentivo, falaram de lançar um edital, porém foi tudo cancelado sem nos ouvir. 

Dava para fazer o Carnaval de Rua observando todos os critérios de segurança, protocolos contra Covid, uso de máscara, teríamos condições de controlar isso. E o mais triste é que sabemos que o Carnaval vai acontecer: as pessoas irão para a rua e há a hipocrisia muito grande com a questão das casas noturnas, que seguem normalmente”, comenta.

O presidente aproveita para citar que solicitou à Liga Carnavalesca que o Carnaval acontecesse, que a entidade pedisse para a prefeitura, mas que foi ignorado. 

“Infelizmente, acredito que alguns blocos não vão resistir, alguns até já entregaram galpão. As pessoas vão desistindo porque não há mais atividade que as congregue. 

A cidade perde, o turismo perde e muito, e os moradores também. Sentimos muita decepção e frustração porque o cancelamento deveria ser para todos. Todos os dias as pessoas se aglomeram no comércio, praia, ônibus, mas o único cancelamento foi o do Carnaval de Rua. 

É uma pena uma cidade como Balneário não saber utilizar uma manifestação como o Carnaval, que é a identidade cultural do povo, da nossa nação. 

O descontentamento é geral”, finaliza.


Opiniões

“Devemos esperar um pouco mais, até tudo se normalizar novamente”

Sabrina Roncelli (foto Arquivo pessoal)

Sabrina Roncelli, rainha do Carnaval de Balneário Camboriú, atualmente morando em São Paulo, está na cidade para o Carnaval; ela já foi Miss Balneário e venceu o Bela da Praia, além de ser rapper (lançará em breve o single e clipe ‘Rainha’) e atriz

“Esses dois anos foram difíceis e tristes porque com a chegada da pandemia infelizmente não conseguimos realizar o Carnaval de Rua na cidade, e por motivos de consciência e saúde sabemos que foi o melhor a fazer porque estava muito forte o fluxo de contaminação da Covid. Porém, temos uma grande estrutura em Balneário, uma condição plenamente de realizar eventos pequenos organizados, seguindo com todos os protocolos sanitários. 

A chegada da vacina também facilitou mais. 

Vejo que seria maravilhoso acontecer o Carnaval de Rua, mas que ainda não seria o momento certo. Eventos pequenos, seguindo os protocolos seria o ideal nesse momento ainda delicado que estamos passando de pandemia e já seria um grande passo para curtir o Carnaval. 

Sinto muita saudade de estar na avenida puxando a minha bateria, sentindo a energia do público. 

É maravilhoso, mas devemos esperar um pouco mais, até tudo se normalizar novamente, para que em breve possamos fazer um lindo Carnaval de Rua. 

O Carnaval de Rua é vida, é magia, alegria, cultura. Logicamente que todos os envolvidos sentem falta, só quem é de verdade, corpo, alma, mente e coração sente falta. Eu, como rainha, estou chateada por esses dois anos sem Carnaval na minha cidade. Porém, nunca deixei isso me abalar, continuo seguindo o meu reinado com muita representatividade e atitude. 

Além de ser Rainha do Carnaval, sou Musa destaque de chão do Camisa 12 Corinthians – de São Paulo, e mantive meus treinos e ensaios na Gaviões da Fiel em São Paulo. Faço minhas aparições por fora do estado. 

Isso é gratificante para mim. Nunca deixo a chama apagar. Espero que no próximo ano as coisas estejam melhores para que eu possa levar o meu samba e a minha energia para a pista de novo. Não vejo a hora. Aproveito para convidar a todos a me seguirem no Instagram @akabrinna para acompanharem meus novos trabalhos”.

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“Se fosse para ser cancelado o Carnaval, que então tudo fosse cancelado”

Day Chedre (foto Arquivo pessoal)

Day Chedre, princesa do Carnaval de Balneário Camboriú e Musa Oficial do Brasileirão 2021 pelo Sport Recife

“No primeiro ano, em 2021, a gente até compreendeu o cancelamento por conta dos casos de Covid e por questões de saúde e segurança, mas neste ano eu não concordo com o cancelamento porque o Carnaval de Rua acabou se tornando o ‘vilão’ de toda a história, sendo que o Réveillon acabou acontecendo, com muitas pessoas em Balneário Camboriú. 

Se fosse para ser cancelado o Carnaval, que então tudo fosse cancelado, e na realidade tudo segue acontecendo, as festas fechadas, e sem medidas de segurança. 

Os eventos seguem adiante, somente o nosso Carnaval de Rua foi prejudicado, sendo que seria um evento sadio, com as medidas de segurança sendo seguidas e seria muito bom para o nosso turismo e para a nossa cidade. 

Carnaval de Rua é menos perigoso do que esses eventos de casas noturnas, que são totalmente fechados. 

É cultura, estamos há dois anos sem, levamos alegria para o povo, a nossa cidade é turística, sou totalmente a favor de levar essa cultura de muitos e muitos anos. Estou totalmente decepcionada com essa decisão. 

Quem é carnavalesco, folião, com certeza está sentindo muita, muita falta. 

O nosso Carnaval é familiar, seguro e bonito de se ver. 

A gente leva para a avenida o nosso amor pelo samba, pelo Carnaval, e tenho certeza que as pessoas sentem isso. 

Espero poder desfilar ano que vem pela realeza ou por outros blocos, espero estar na avenida transmitindo o amor e a alegria do Carnaval para todos que gostam, porque para mim o Carnaval é isso, é alegria. 

Foi muito inconveniente o cancelamento, sendo que a pandemia já estava controlada, caso contrário o prefeito deveria ter cancelado o Réveillon, o que não aconteceu. Visaram somente dinheiro, cancelaram o Carnaval, sendo que a gente espera o ano inteiro para levar alegria, cultura e entretenimento, tiraram tudo isso de nossos moradores e turistas. 

Cabe a nós concordarmos porque somos pequenos diante deles [da prefeitura], mas eu sou totalmente contra”.

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“É como se o Covid escolhesse os espaços em que vai estar?”

Élena Aguirre (foto Arquivo pessoal)

Élena Aguirre Ovi, 23 anos, bacharel em Direito

“Sempre gostei muito do Carnaval. Quando criança, fazia minha mãe me levar à praia todas as noites de Carnaval e ir atrás do trio elétrico que passava na areia. 

Acredito que o Carnaval de Rua de Balneário Camboriú é muito importante para a cidade, pois atrai muitos turistas e faz a roda da economia girar, além de gerar muitos empregos temporários e manter os empregos das pessoas que vivem do Carnaval. 

Além de que Balneário não é mais apenas a cidade da vida noturna e das baladas nacionalmente conhecidas – a cidade também atrai famílias que preferem o Carnaval de Rua e até mesmo jovens, como eu e meus amigos. 

A pandemia sem dúvidas é um assunto muito sério, a Covid não é bobeira, a vacinação é essencial e a vida sempre em primeiro lugar. Isso é um ponto indiscutível. 

Porém, não consigo entender como alguns eventos e festas privadas estão liberados enquanto um Carnaval de Rua, neste caso entende-se, em espaço aberto ou seja, ao ar livre, é proibido, é como se o Covid escolhesse os espaços em que vai estar? 

Sem dúvidas a cidade e a população de alguma maneira saem perdendo com o cancelamento do Carnaval de Rua”.

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“Não faz sentido isso tudo porque o Carnaval de Rua foi cancelado, mas as baladas continuam”

Adriane Correia (foto Arquivo pessoal)

Adriane Correia Ribeiro, foliã e empresária

“Estamos muito tristes porque o Carnaval de Rua é na rua, ao ar livre e foi cancelado. Estão tirando a alegria do povo e uma tradição do Brasil. 

Quem trabalha e espera essa data, está tendo grande prejuízo. Além disso, tenho uma empresa de iluminação e íamos patrocinar o Bloco 100 Limites, enfeitando todo o trio. Estávamos preparados com isso, e não pudemos realizar. 

Não faz sentido isso tudo porque o Carnaval de Rua foi cancelado, mas as baladas continuam, estão abertas. 

Qual é o critério que usam? Não sabemos. 

Eu participo do Carnaval de Rua desde que eu era turista, sempre vi que é muito saudável, podemos levar as crianças. É música, é alegria. 

As pessoas precisam de lazer, os bloquinhos de rua são tão bonitos, nos preparamos com fantasias. É uma questão cultural que deve ser passada para as próximas gerações e estamos esses dois anos sem ter. 

É ao ar livre, não tem depredação de nada, nenhum vandalismo, é só alegria! É uma perda para a cultura de Balneário, SC e Brasil. 

Os turistas vêm para ver o nosso Carnaval. É uma tristeza. Mas temos esperança, vamos guardar nossas fantasias e esperar 2023. Nos resta colocar uma musiquinha e nos reunirmos na praia, porque a alegria ainda não está proibida. Ser feliz ainda não está proibido”.


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