Em tempos de crise econômica e inflação, a alta de preços também chegou nos itens de Natal. Pesquisas indicam que os pratos tradicionais ficaram de 13 a 33% mais caros. O peru passou de, em média, R$ 21,75/kg para R$ 25,71/kg; o Chester teve um aumento ainda maior – de R$ 20,19/kg para R$ 26,91/kg; e o tender aumentou de R$ 50,20/kg para R$ 54,62/kg.
Diante disso, muitas famílias precisam se reinventar nas ceias de final de ano. Para auxiliar os leitores, o jornal conversou com três profissionais que trazem dicas e falam deste momento tão especial, destacando que mesmo com a mudança de cardápio as famílias não devem deixar de celebrar estes momentos especiais.
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Frango Assado com cheiro de festa
Sugestão de ceia natalina saborosa, aconchegante e acessível
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Polônia Maciel (Arquivo Pessoal)
A convite do Página3, a professora aposentada e voluntária Polônia M. Maciel, que durante muitos anos ensinou receitinhas com aproveitamento de raízes, folhas, cascas e sementes, em cursos da Secretaria do Desenvolvimento Social e nos trabalhos voluntários que faz até hoje, preparou uma Ceia de Natal para quem prefere um cardápio saudável e acessível. No lugar do Chester ou do Perú, que estão inflacionados nos mercados, ela optou por um frango. Acompanhe:
1 – Frango Assado Recheado
Ingredientes: 1 frango inteiro (deixar marinar no tempero por uma noite).
Sugestão para o tempero: suco de 2 laranjas, suco de 1 limão, 2 dentes de alho, pimenta do reino, 1 colher de chá de açafrão, 1 colher de sopa de mostarda, manjericão e sal. Misture tudo com 1/2 litro de água e deixe o frango nesse tempero.
Recheie com essa farofa: refogue uma cebola cortadinha, uma cenoura ralada um dente de alho com 2 colheres de sopa de manteiga; acrescentar duas xícaras de farinha de milho de beju, 1 colher de chá de sal, 3 colheres de sopa de azeitonas picadas, uma maçã picada e 3 colheres de sopa de de cheiro verde.
Desligar o fogo, misturar bem e rechear o frango . Feche as extremidades do frango com palitos.
Coloque o frango em assadeira untada e coberto com papel alumínio. Pode colocar batatas com casca na assadeira. Deixe assar por 2 horas a 180 graus
Retire o papel alumínio. Leve ao forno para dourar
2 – Arroz Branco
Cozinhe 2 xícaras de arroz branco
Ele pode ser decorado com: meia xícara de gergelim e uma colher de sopa de alho tostado.
3 – Salpicão de palmito e atum
Um copo de iogurte, uma maçã verde picada, 2 cenouras raladas, um pimentão cortado em cubos, 4 colheres de azeite, um vidro de palmito cortadinho, uma lata de atum, 4 colheres de sopa de uvas passas sem caroço, 4 colheres de cheiro verde, 1 colher de chá de sal, uma colher de chá de molho de pimenta e uma xícara de chá de batatas palha.
Misture os ingredientes. Coloque a batata palha na hora de servir.
4 – Panquecas verdes recheadas com moranga
Ingredientes: bata 3 ovos, 3 xícaras de chá de água, 3 xícaras de chá de de farinha de trigo, 1/2 colher de chá de sal e uma xícara de chá de folhas de orapronobis.
Frite em frigideira antiaderente.
Recheio: 3 xícaras de chá de abóbora moranga cozida e amassada, uma xícara de chá de mussarela ralada, um copo de requeijão, uma colher de chá de orégano, 3 colheres de sopa de cebola tostada na manteiga, sal e pimenta do reino. Misture tudo e recheie as panquecas
5 – Sobremesa: Frutas
Por Marlise Schneider Cezar
Chef aconselha investir em ‘serviço americano’, com opções diferenciadas
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A chef e professora Cláudia Poffo
A chef de cozinha e professora do curso de Gastronomia da Univali, Cláudia Poffo, diz que hoje percebe que, tanto para restaurantes, eventos e casas de famílias, o custo da matéria-prima de símbolos natalinos vem dificultando fazer aquela clássica ceia de fim de ano.
“Mas há diversas possibilidades de criatividade para oferecer uma ceia com símbolos natalinos ainda. Há combinações que trazem o espírito do Natal – que normalmente ‘exige’ a presença da ave, e o suíno, por todas as questões tradicionais, vai para o Réveillon. Se tenho ave inteira, nem sempre possibilita fazer cortes, somente na hora de servir. Então uma opção é comprar menos e fazer um ‘conjunto natalino’, como uma sobrecoxa – você retira o osso e pode rechear com uma farofa. Essa ‘trouxinha’ da sobrecoxa deve ir ao forno e se você ainda colocá-la no papel alumínio ela toma uma forma ‘redondinha’ e você já tem aí a sua proteína natalina”, explica.
A chef salienta que a tradição pode ser seguida através de pratos agridoces, que misturam o doce, o salgado e o azedo.
“As oleaginosas também vêm muito forte, assim como as frutas. A amêndoa pode estar cara porque é importada, mas há a castanha do Pará, a de caju, a pecã, que são excelentes opções. Já sobre as frutas secas, há uva passa, cereja, damasco, etc. E recomendo que os leitores comprem em casas de produtos naturais, acaba sendo bem mais barato do que diretamente nos mercados; já nos mercados vale comprar as frutas da estação, como abacaxi, pêssego, morango, que estão lindas, além também das frutas em calda que também são tradicionais nesta época, como pêssego, abacaxi e figo”, conta.
Já para os acompanhamentos, a chef indica arroz à grega e batatas com molho branco, onde é possível ainda colocar um pouco de gorgonzola ou provolone, deixando o prato ainda mais saboroso.
“Os queijos combinam muito bem com as frutas. É possível também fazer um refogado de abóbora, que traz muita sorte para esta época do ano. E saladas, é claro… misturando as folhas: alface, agrião, rúcula, pode usar as frutas e ainda oleaginosas com molho de iogurte. As frutas podem estar em todos os momentos”, acrescenta.
Para a sobremesa, a professora indica ainda rabanadas – prato fácil de ser feito e uma opção em conta, já que é feito com pães ‘amanhecidos’.
Para completar, Cláudia vê que a tradição familiar pode mudar e incentiva que o público seja criativo no preparo dos pratos.
“É possível fazer mini sanduíches utilizando creme de queijo, frutas e defumados como chester ou peito de peru e ainda bacalhau em lascas, que pode ser servido com batatas e consumido com pães. A ave pode vir no salpicão ou em uma torta fria. O salpicão também é uma ótima opção para quem quer economizar, pois une cenoura, pepino, milho, ervilha e você também pode colocar um defumado. Na minha casa, utilizamos muito o serviço americano, com a comida na mesa e a pessoa podendo se servir a hora que quiser. Encomendamos também um pastelão de frango com palmito… temos que procurar nos reinventar”, completa.
Por Renata Rutes
Nutricionista lembra que a comida conecta pessoas, e que a união é o grande foco do Natal
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Nutri Andreia (Arquivo Pessoal)
A nutricionista Andreia Graeff Bulegon também aconselha que o público seja criativo e invista em patês, molhos e entradinhas para as ceias de fim de ano.
“Já que nesta época costumamos reunir a família, cada um pode levar um prato e assim há economia. Já para as famílias que moram juntas, a opção é escolher um prato mais elaborado e prepararem ele juntos. Vai muito do perfil de cada um, mas é possível fazer bruschettas, arroz com frutas, oleaginosas e queijos picados. Sei que há famílias que não querem abrir mão do tradicional, mas é possível inovar; a clássica ave pode aparecer até mesmo em um fricassê, ficando mais econômico”, afirma.
Andreia sugere que as pessoas utilizem muito as frutas – tanto na decoração da mesa, já que traz a condição de ‘mesa farta’, como nos pratos e também ainda como sobremesa.
“Às vezes você pode nem ter o prato mais lindo no centro da mesa, mas a mesa estar decorada traz um sentimento de amorosidade. Não acabou o Natal por não poder comer Chester, a simbologia dele vai muito além disso. A comida une as pessoas, ela tem esse papel e temos que lembrar disso – por mais simples que seja a comida, o que realmente importa é a conexão familiar, ainda mais após esse processo que passamos”, comenta.
A nutri pontua que o saudável também pode ser mantido nesta época e que há também os cuidados para quem é intolerante ao glúten ou lactose, por exemplo.
“É possível substituir a carne de peru ou Chester por frango, peixes como salmão e bacalhau, utilizar as proteínas em tortas também. Sugiro ainda patês com azeitona, abobrinha… que servem também para os veganos. O foco é utilizar a criatividade, se divertir na cozinha. Não há um padrão a ser seguido, cada família deve seguir o que gosta e o que pode fazer financeiramente. Inclusive pode ser a hora de fugir do mesmo cardápio de sempre. É legal mexer com cores, por isso as frutas não podem faltar no Natal; dá para fazer mousse, utilizando ainda pedaços de panetone, e salada de frutas também, além de tortas, utilizando o pêssego, por exemplo”, acrescenta.
Por Renata Rutes
Dicas práticas para transformar as sobras das ceias em pratos deliciosos
Chef e professora de Gastronomia da UniAvan dá sugestões que podem ser feitas com ingredientes que todos têm em casa.
Passa a noite de Natal ou de Ano-Novo, você abre a geladeira e encontra algumas sobras das ceias. Essa cena é comum na sua casa?
Arroz à grega, peru, lombinho, bacalhau e panetone costumam ser os pratos mais apreciados nessa época do ano, mas geralmente são feitos em uma quantidade que nem as grandes famílias conseguem consumir em uma única refeição. Para evitar o desperdício e garantir o aproveitamento dessas sobras de uma maneira deliciosa e saudável, a chef e professora do curso de Gastronomia da UniAvan, Gabriela Mendes, dá sugestões especiais de pratos simples, que podem ser feitos com ingredientes que todo mundo tem no armário e que não exigem muitas técnicas ou horas de preparo:
Sobrou arroz ou bacalhau? Faça um arroz cremoso de forno. A dica é misturar o arroz e o peixe, ou outras proteínas que sobraram da ceia, com um creme de maionese temperado com sal, pimenta e tempero verde. Se for do seu gosto, pode adicionar cebola picada e alho. Coloque a mistura em um refratário com muito queijo parmesão por cima e leve para gratinar no forno.
“É um prato rápido de fazer, fácil, quase não dá trabalho e ainda pode ser acrescido de outros ingredientes, como milho, ervilha, azeitona, tomate picado, entre outros”, explica a chef.
O que fazer com o peru, lombinho ou outras carnes? A dica é fazer “carne louca”. A professora de Gastronomia da UniAvan conta que essa receita é feita tradicionalmente com proteínas que sobram do churrasco, mas também pode ser produzida com as aves da ceia. É necessário desfiar as carnes, misturar com cebolas em tiras e pimentão, adicionar azeitonas e fazer um refogado colorido.
“Pode ser usado como um recheio de sanduíche, antepasto ou pode acompanhar arroz, purê ou massa”.
Dica extra: ainda para as carnes que sobrarem da ceia, a chef também sugere refogar as proteínas com cebola, alho, cheiro verde e azeite de oliva, colocar em um refratário e distribui-las como base do prato. Por cima, adicionar creme de milho, que é feito com o cereal batido com molho bechamel (molho feito de farinha, manteiga e leite). Pode ser adicionado queijo parmesão ou muçarela por cima; leve ao forno para gratinar.
“É uma outra opção de prato fácil de fazer e que acompanha um arroz, uma massa, um purê ou qualquer outro acompanhamento a gosto”, finaliza.
Dá para transformar o panetone? Sim! Tradicional nessa época do ano, ele ganha lugar ao lado do café da manhã, lanche da tarde e é até transformado em presente. Se sobrou, a professora da UniAvan indica fazer um pavê de panetone, que leva creme belga (base de leite condensado, leite, gemas e maisena) e creme de chocolate (feito com cacau em pó ou chocolate 50%).
“Ele é montado em camadas; coloca o creme belga, por cima o chocolate e o panetone picadinho. Camada por camada. Por último, cobre a sobremesa com uma camada da mistura do creme de leite batido com quatro claras em neve. Para finalizar, leve para gelar por cerca de três a quatro horas”, explica a chef.
Texto e fotos: Oficina das Palavras