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Pesquisa de acadêmicas de Medicina aborda mudanças na sexualidade de mulheres que vivenciam o câncer

As acadêmicas do 10º período do curso de Medicina da Univali, Tatiane Spiess e Debora Weiss, orientadas pelo médico oncologista Gabriel Moura Quintela Ribeiro, estão fazendo uma pesquisa com o intuito de avaliar as consequências do diagnóstico e da terapia oncológica na sexualidade das mulheres que vivenciam esse processo.

Segundo a acadêmica Tatiane, o foco principal está voltado para o atendimento e abordagem médica sobre essa temática ao longo das consultas.

“Sabemos que os impactos são muitos sobre a vida dessas pacientes e tínhamos a curiosidade em saber se elas estão sendo ouvidas de fato pelos especialistas e se soluções estão sendo propostas às queixas delas. A pesquisa está em processo de finalização, mas traz um debate necessário, ao nosso ponto de vista, à comunidade médica envolvida”, explica.

O orientador da dupla, Gabriel Quintela, salienta que a ideia do projeto era responder duas perguntas: “o quanto o câncer afeta a vida sexual?” e “o quanto o médico oncologista toca no assunto (sexualidade) nas consultas?”.

“Queremos saber se o médico questiona se houve alteração na sexualidade, líbido ou atrofia. Tivemos bons resultados, quase 100% das entrevistadas falaram que o câncer afetou a sexualidade e um pouco menos que a totalidade disse que o médico tocou no assunto. Sabemos que a autoestima dessas mulheres é muito afetada, percebo isso no tratamento, pois elas perdem cabelo, a sobrancelha, sofrem com inchaço, há tendência de ganho de peso, além da questão da própria mama”, diz.

Cirurgias estão menos agressivas

O oncologista explicou que a tendência dos tratamentos cirúrgicos hoje é serem menos agressivos, com menos casos que exigem a retirada total da mama, e que o conceito de estética recebe uma atenção especial por parte dos mastologistas.

“Hoje isso é mais priorizado. A segurança oncológica está em primeiro lugar, mas já é possível colocar a prótese na mesma cirurgia, pode fazer a simetrização também, inclusive isso é possível via SUS. Mas sabemos que, mesmo assim, a autoestima é afetada. É comum mulheres relatarem falta de apoio principalmente por parte do marido, mas são acompanhadas pela irmã, tia, amiga, mãe… infelizmente há histórias péssimas de abandono”, relata.

Importância do empoderamento no tratamento

Apoio durante o tratamento é fundamental (foto Rede Feminina de Combate ao Câncer Nacional)

O oncologista Gabriel atua na Unimed Litoral, e conta que no local há todo um cuidado com as pacientes que engloba todo o Grupo da Unimed – como os setores de nutrição, enfermagem e psicologia.

“Abordamos o quanto sabemos que o tratamento afeta a vida pessoal, a rotina, o trabalho. Buscamos auxiliar as pacientes a serem menos afetadas possível, mas que é um processo de ressignificação, e que é comum sentirem principalmente logo após o diagnóstico, que realmente causa uma grande mudança na vida: o apoio do esposo nem sempre é o que gostariam, a carga de trabalho precisa mudar, pode afetar a memória e a concentração”, salienta.

Ele disse que as mulheres costumam ficar preocupadas para saber se vão conseguir ‘voltar a ser o que eram’, mas que o câncer pode deixar marcas.

“Por isso estimulamos o ressignificado, que algo tão marcante, como tratar e vencer um câncer, pode fazê-la melhor e mais forte”, acrescenta.

A mulher no centro

Processo traz ressignificado para as mulheres (foto Glau Lima)

Diante disso, durante o tratamento o médico procura incentivar que as mulheres busquem dentro delas a questão do empoderamento que, para ele, é a mulher se colocar como o centro da própria felicidade.

“É depender cada vez menos de um relacionamento ou emprego para se sentir na plenitude, é ela ver que a se a saúde está boa, já é o suficiente para se sentir muito bem. Não é preciso de questão material para se estar no seu auge. Também procuramos trazer a família para perto, estimular que participem do processo, que a doença seja uma forma de uni-los ainda mais”, pontua.


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