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Balneário Camboriú
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Surfistas apontam que o mar mudou após o alargamento: ondas estão mais fortes

Balneário Camboriú é reduto do surfe e diariamente dezenas de amantes do esporte lotam o Pontal Norte em busca de ondas na praia central da cidade. Uma dúvida dos surfistas era se o mar mudaria e como as ondas ficariam após o alargamento – e já é possível dizer que mudou, sim. 

Confira abaixo as opiniões de quem conhece bem o mar de Balneário Camboriú. 

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“Tem o lado bom e o lado ruim para o surf”

(foto Thomas Andrade)

Luis Renato Angelis, biólogo e surfista, é bastante ativo no esporte e está sempre em contato com surfistas da cidade

“No dia 1º e 2 de novembro, logo após a finalização do alargamento, entrei na água e aproveitei para fazer uma pesquisa informal na praia, conversando com quem estava no mar e saindo. 

Devo ter falado com umas 40 pessoas. A conclusão é de que 90% dos surfistas acham que as ondas realmente mudaram, uns quatro responderam que não sabem se dá para ver mudança, que ainda é cedo porque a areia está se movimentando e não dá para saber se vai ficar como está hoje.

A maioria notou a mudança na característica da onda, está mais forte, mais cavada e quebrando mais próxima da areia. Está quebrando na mesma bancada que quebrava quando o mar estava grande, mas a bancada está mais perto da praia. A formação da onda mudou, ela encavala em um lugar mais raso. 

Para os surfistas mais experientes e para os bodyboarders que gostam da onda mais tubular é bom, ao mesmo tempo é ruim para os iniciantes e para o pessoal do longboard, porque não tem mais as paredes longas e suaves.

Tem o lado bom e o lado ruim para o surf. Alguns estão satisfeitos com uma onda mais forte e cavada, outros acham que piorou porque gostavam da formação da onda mais longa.

Já para os banhistas, 100% dos surfistas que falaram comigo acham que ficou mais perigoso no Pontal Norte, da praça Almirante Tamandaré até o molhe, porque a faixa de banho ficou mais curta. 

Quem estava como banhista não passava com água da cintura e já tinha onda quebrando nesse curto espaço de água. 

Há bastante corrente se movimentando, o pessoal estava mais preocupado, dava para ver que banhistas não conseguiam avançar muito porque já ficava perigoso. 

Vários comentários foram também de que os guarda-vidas vão ter muito trabalho nessa temporada. 

Vamos precisar aguardar alguns meses, ver uma ressaca para saber como vai ser a movimentação da areia, mas com certeza já dá para notar diferença. 

Quando a maré sobe, puxa a areia. Tende a ter uma perda maior na ponta norte por conta da movimentação da maré. Nessa perda, a areia vai se ajeitar nas bancadas dentro da água e é o que vai fazer a mudança na formação da onda. Independente do que acontecer com as ondas no Pontal Norte, defendo que temos que investir em um ‘surf park’ ou em uma ‘bancada artificial’, que é viável e bastante necessária, diante do número expressivo de surfistas em BC, e pela visibilidade que Balneário tem na questão do surf. 

Acho que é uma obra viável, de baixo custo e baixo impacto ambiental e que pode criar uma onda incrível, que vai gerar bastante turismo para o município, já que o turismo é o motor principal da economia local, e o surf é indutor do turismo. Tendo um atrativo como esse com certeza vai vir muito mais gente pra conhecer, pra surfar. 

E em um futuro próximo tem que investir em um parque com ondas artificiais, em piscina. Pode ser no Estaleirinho, Bairro Nova Esperança, em um local que dê para construir. 

É como se fosse um parque aquático, com piscina de ondas com qualidade de onda surfável e não só marolas, tem 5 tipos de tecnologia de piscina de ondas hoje”.


“Entrou o swell uma semana depois e o pessoal gostou do surfe”

Renato Aiolfi, surfista há mais de 30 anos na Praia Central

(credito – Ricardo Augusto)

“Como ficarão as ondas depois do alargamento? Era uma dúvida de todos os surfistas. Agora acabou a obra e ali na altura da Rua 1901, onde o pessoal surfa, entrou o swell uma semana depois e o pessoal gostou do surfe. Eu gostei. A onda  mudou, ficou mais no inside, no raso, ficou um pouco mais forte, então ela melhorou as condições de surfe. Espero que isso continue, porque agora a areia está toda ali, talvez esse fundo mude, capaz de mudar mais um pouco as ondas, mas a princípio ela melhorou, ficou boa. Todos os meus amigos que surfaram aqui depois do alargamento gostaram. Esperamos que continue assim”.


“Vamos ter que nos adaptar novamente”

Juliano Pagnoncelli, surfista há 20 anos, é professor de surfe há 16 anos na Praia Central

(credito Divulgação/FMEBC)

“Ainda estamos na expectativa para ver no que vai se transformar essa obra para surfistas. De acordo com a ação do mar, acreditamos que nesse verão e no próximo inverno vai dar uma mudada. A princípio a onda está um pouco mais difícil para o iniciante. Ela está fechando muito rápido, dando um pouco mais de mais trabalho na aula. Também está maior e fechando bem mais rápido, os alunos estão tendo uma dificuldade maior. Vamos ter que nos adaptar novamente. Com o pessoal mais experiente que temos conversado todos gostaram, porque a onda está mais rápida, mais técnica, é uma onda que entrou mais forte por causa do banco novo que se formou. Mas é cedo, está todo mundo ainda está na expectativa para ver se vai cavar um novo banco, e enquanto isso estamos nos adaptando com as correntes que deu uma mudada, as correntes de retorno ganharam um pouco mais de força, exigem um pouco mais de cuidado”.

(credito Divulgação/FMEBC)

“Percebemos que está mais forte, as ondas estão mais cavadas, similares às da Brava”

(foto Joabe Linhares-InterpraiasBC)

Matheus Navarro é surfista profissional e está sempre entre Balneário e a Praia Brava de Itajaí, onde mora

“Mudou bastante a onda, não é mais como antes. Eu estava surfando direto com o Willian Cardoso (o Panda, também surfista profissional), nós surfamos mais na região do Marambaia, e percebemos que está mais forte, as ondas estão mais cavadas, similares às da Brava. Para a galera iniciante, do longboard, ficou complicado, pode dificultar porque o mar está mais forte, sim. Mas ainda é cedo, se der mar grande pode mudar tudo de novo.

Ainda tem bastante areia no raso, pode puxar. Mas para nós está bem bacana. Por enquanto realmente está bem legal, vamos ver se entra um swell grande e torcer para continuar bom, com essa característica de ondas rápidas como as da Brava, que ficam mais tubulares”.


“A onda era tão boa para aprender a surfar que era vista como uma onda-escola”

(foto Arquivo pessoal)

Fernando Benitez é surfista, profissional de Educação Física, foi professor de surf pela prefeitura em 2019 e 2020 e dá aulas particulares

“Estou em contato com a água diariamente e o que posso dizer é que, se vermos de forma ampla, o alargamento ficou muito bom, visualmente e para a população, com muito espaço, mas afetou as ondas. 

Elas já não são mais como eram antes. A onda era tão boa para aprender a surfar que era vista como uma onda-escola, não é a toa que saem tantos surfistas bons daqui, temos representantes no circuito internacional e que despontam a nível nacional, e que começaram a surfar aqui. 

Agora, ficou uma onda curta, mais rápida, vertical e com nível de dificuldade maior para o iniciante. 

Quem tinha facilidade para aprender aqui, vai sentir diferença, porque a onda mudou. 

Temos uma onda com algumas características com as da Praia Brava. Para surfista de performance, para quem surfa bem, a onda ficou melhor, já para quem está iniciando, vai dizer que piorou porque ficou mais difícil, requer uma velocidade maior na hora de dropar a onda (o movimento de subir na prancha), requer técnicas diferentes. Isso, aos olhos de alguns pode ser bom e de outros pode ser ruim, são opiniões divergentes. Passou de uma onda longa, para curta, de onda com mais declive para uma mais vertical, com potencial maior para diferentes manobras. 

Mudou totalmente a característica. 

O fundo continua igual antes, porém está uma onda que quebra mais perto do raso, e antes quebrava mais para o fundo. Diminuímos pela metade. 

Mas ainda não veio um swell muito grande, não é como está hoje que vai ficar. Já ouvi de engenheiros que o mar vai voltar a ser o que era antes, mas eu particularmente acho difícil. 

É uma coisa muito grande, uma mega obra, que mudou as características. 

Temos também mais correntes de retorno, o que acaba sendo perigoso para os banhistas. 

Para dar aula de surf, ficou horrível, você estará começando pelo mais difícil, é como começar na Fórmula 1 direto, sem passar pelo kart. No raso, com a criança com água na barriga, está quebrando ondas verticais, porque o mar ganhou força. Os guarda-vidas terão trabalho, porque aquela tranquilidade de Balneário Camboriú meio que ficou de lado”.


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