Ronaldo Piacente, Procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), declarou que “há mais coisas por vir” em relação às investigações sobre manipulação de jogos no futebol brasileiro. O STJD suspendeu preventivamente oito jogadores com base em evidências coletadas pela Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).
Piacente afirmou que, até o momento, não há envolvimento de clubes, mas há mais informações a serem reveladas. Ele explicou que alguns jogadores mencionados não foram denunciados por falta de provas. As declarações foram feitas durante um evento organizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF), que discutiu a manipulação de jogos e medidas para proteger a integridade esportiva.
A Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo MP, já resultou em 25 denúncias, incluindo 15 atletas envolvidos em esquemas de apostas. O vice-presidente administrativo do STJD, Maurício Neves Fonseca, enfatizou que as investigações não se limitarão às duas fases já concluídas e que outras etapas estão por vir.
Como resultado das investigações do MP, o STJD denunciou oito jogadores, sendo eles Eduardo Bauermann, Moraes, Gabriel Tota, Paulo Miranda, Igor Cariús, Matheus Phillipe, Fernando Neto e Kevin Lomónaco. O presidente do STJD, Otávio Noronha, acatou as denúncias e suspendeu preventivamente os jogadores por um mês. Caso sejam considerados culpados no julgamento, que ainda não tem data marcada, os atletas podem ser banidos do futebol por até 720 dias.
Piacente defendeu o trabalho do STJD, afirmando que não houve demora na apresentação das denúncias. Ele explicou que a Procuradoria aguardou a coleta de provas pela investigação do MP, como mensagens e áudios de WhatsApp, além de registros de pagamentos, pois considerou que os relatórios apresentados pela Sportradar, uma agência global de monitoramento de apostas esportivas contratada pela CBF, não eram suficientes para embasar as acusações.
O Brasil lidera o ranking de países com mais jogos suspeitos de manipulação em 2022, de acordo com o relatório anual de integridade da Sportradar. A empresa, parceira da CBF, UEFA e outras federações, identificou 152 episódios suspeitos, sendo 139 de futebol. Esses 152 casos representam 12% do total global, sendo que a Rússia ocupa o segundo lugar, com 92 casos.
Piacente mencionou que há mais jogos a serem investigados, mas não especificou quais são. Ele negou a participação de árbitros no esquema fraudulento, e seu posicionamento foi reforçado por Rafael Bozzano, procurador do STJD, que afirmou que não há menção à arbitragem e que as notícias sobre isso são falsas.