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Santiago Peña é eleito no Paraguai e comandará revisão de acordo de Itaipu

Santiago Peña, do Partido Colorado, foi eleito neste domingo, 30, com 43,5% dos votos o novo presidente do Paraguai ao derrotar, Efraín Alegre, do Partido Liberal, que teve 27,6%. A eleição no país vizinho tem uma especial importância para o Brasil em razão da revisão neste ano do Tratado da Usina de Itaipu.

Peña, um economista de 44 anos, foi a aposta do Partido Colorado – há sete décadas no poder – contra Alegre, um advogado de 60 anos, que reuniu uma coalizão com partidos de centro e de esquerda para chegar à presidência depois de ter sido derrotado em 2013 e em 2018.

Pouco antes de reconhecer a derrota, Alegre se reuniu com seu principal aliado da coalizão opositora, o ex-presidente Fernando Lugo.

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Resultados preliminares indicavam no domingo que os colorados devem ampliar sua bancada no Senado e na Câmara.

Itaipu

O eleito será o futuro interlocutor do Brasil na revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade da usina, marcada para agosto.

Assinado em 1973, o acordo já previa a amortização das dívidas contraídas pela usina, que acabaram de ser pagas no mês passado, e mudanças nas demandas elétricas dos dois países. Por isso, estabelecia a revisão do texto dentro de 50 anos.

De acordo com o Tratado de Itaipu, toda a energia produzida deve ser dividida entre os dois países. O Paraguai historicamente nunca usou toda a geração a que tem direito, e pelo acordo se vê obrigado a vender o excedente para o Brasil.

Ainda durante a campanha, Peña disse estar otimista sobre o papel da usina para os próximos 50 anos. “Estou otimista para poder negociar isso com Lula. Ele é uma pessoa com experiência e há testemunhas de que quer fortalecer os vínculos entre os dois países”, afirmou.

Taiwan

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Outros temas presentes na campanha que devem influenciar o governo de Peña é o controle da criminalidade e do contrabando na fronteira e a relação do Paraguai com Taiwan.

O Paraguai faz parte de um clube cada vez menor de 13 países, a maioria pequenas nações insulares, que mantêm relações com Taiwan e não com a China.

A amizade Paraguai-Taiwan – firmada por seus ditadores em 1957 – continua forte. Taiwan pagou pelo prédio modernista do Congresso do Paraguai e forneceu seu jato presidencial. Mas os agricultores do país enfrentam obstáculos para exportar soja e carne bovina para a China como resultado.

Influência

O Partido Colorado governou o Paraguai durante a maior parte das últimas sete décadas, sob a ditadura e sob a democracia. A exceção foi o período do esquerdista Fernando Lugo no poder, entre 2008 e 2012. O ex-bispo, porém, sofreu impeachment.

Apesar do amplo domínio sobre a política paraguaia, o Partido Colorado está dividido em facções. Peña, um aliado do ex-presidente Horacio Cartes, representa o Honor Colorado, ala majoritária da legenda.

Sua campanha, no entanto, sofreu um abalo no começo deste ano quando o governo americano impôs sanções a Cartes, por supostos vínculos com a milícia xiita libanesa Hezbollah, suspeita de ter vínculo com comunidades de imigrantes na tríplice fronteira. Cartes é suspeito também de falsificação de cigarros. Ele tem diversos negócios no país.

Peña perdeu capacidade de financiamento e viu nas últimas pesquisas um crescimento de Alegre, que chegou a estar empatado tecnicamente com ele. A eleição presidencial paraguaia ocorre em turno único e é vencida por maioria simples para um período de cinco anos, sem possibilidade de reeleição imediata.

Resultado

O terceiro colocado na disputa foi Paraguayo Cubas, de 61 anos, um ex-senador de extrema direita que ganhou votos na reta final com um discurso populista e anticorrupção. Ele já havia atraído as manchetes por chicotear um juiz com o cinto.

Cubas fez sua campanha nas redes sociais, classificando o Congresso como uma caverna de bandidos e sugerindo que governaria como um ditador.

Quem é Santiago Peña, o novo presidente do Paraguai

Santiago Peña, aos 44 anos, é considerado um tecnocrata de pouca experiência política. Estudou na Universidade Columbia, em Nova York, e foi ministro da Economia durante o governo de Horacio Cartes.

Ainda assim, ele é a aposta do longevo Partido Colorado para se sustentar por mais cinco anos à frente da nação sul-americana em meio ao crescimento do descontentamento com a corrupção e deficiências na saúde e na educação.

Sua única experiência eleitoral foi em 2017, quando perdeu as primárias do Partido Colorado para Mario Abdo Benítez. Defende as relações do Paraguai com Taiwan e tem sido criticado por sua visão de que o ditador Alfredo Stroessner levou “estabilidade” ao Paraguai, apesar de grupos de direitos humanos atribuírem ao regime entre 1.000 e 3.000 mortos e desaparecidos.

Para atacá-lo, seus adversários o chamam de “o secretário de Cartes”. Peña é o caçula de três irmãos. É casado com Leticia Ocampo, com quem tem dois filhos, o primeiro deles nascido quando eram adolescentes.

Ele rejeita a legalização do aborto porque, em sua opinião, parece “o mais fácil, um atalho”. E se diz decidido a defender a família “em sua composição tradicional: mamãe, papai e filhos”

Em plena campanha eleitoral, Cartes – atual presidente do Partido Colorado- foi formalmente qualificado pelos Estados Unidos como “uma pessoa significativamente corrupta”. Após listar uma série de crimes como suborno, lavagem de dinheiro e ligações com o terrorismo, o Departamento de Estado congelou os bens do empresário e o impediu de operar no sistema financeiro norte-americano.

A medida foi um duro golpe para Peña, que não só perdeu apoio financeiro para a campanha como teve que se distanciar, pelo menos publicamente, de seu mentor.

Alguns analistas alertaram para as dificuldades que Peña pode enfrentar como presidente eleito se Cartes fosse extraditado para os Estados Unidos ou preso no Paraguai.

“Não há governança garantida”, afirmou a historiadora e analista política Milda Rivarola. “Ele terá o grave problema de ter metade ou mais do Partido Colorado contra ele”, disse o especialista, referindo-se à linha interna liderada pelo atual presidente Mario Abdo Benítez, que está em desacordo com Cartes. 

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