A prefeita Juliana Pavan e o governador Jorginho Mello anunciaram nesta quarta-feira a estatização do Hospital Municipal Ruth Cardoso, dando fim a uma sangria multimilionária dos cofres da prefeitura de Balneário Camboriú, que gasta cerca de R$ 100 milhões por ano naquela casa de saúde.
O hospital, que atende municípios de toda a região, será doado para o Estado e a transição deverá estar concluída ainda neste ano.
O atendimento deve melhorar, pois o Estado tem muito mais dinheiro, pessoal e expertise para gerir o Ruth Cardoso.

O governador, que tentará a reeleição, terá discurso para afirmar que garantiu um hospital regional para atender mais de 300.000 pessoas.
O Ruth Cardoso não tem funcionários concursados, apenas contratados e alguns nomeados em cargos de confiança, o que facilita a estatização.
O Ruth Cardoso foi idealizado pelo médico João Alfredo Moojen, funcionário de carreira e ex-secretário de Saúde de Balneário Camboriú, como um hospital de média complexidade, que atenderia SUS e particulares, tendo como potar de entrada a rede de atenção básica, mas nunca funcionou dessa forma, acumulando prejuízos desde o dia em que abriu as portas, já no governo Edson Piriquito.
EQUILÍBRIO FISCAL
Com a estatização do Ruth Cardoso, a prefeita Juliana Pavan dá mais um passo importante na recuperação da saúde fiscal da prefeitura de Balneário Camboriú, iniciada em fevereiro com a revisão da Planta Genérica de Valores (que serve de base do IPTU); novo Código Tributário e reforma administrativa.
Balneário Camboriú está no limite da irresponsabilidade fiscal, comprometendo mais da metade do seu orçamento com pagamento de salários e pensões, em decorrência de administrações pragmáticas de diferentes prefeitos.
Nenhum desses prefeitos -e por enquanto Juliana Pavan também não- conseguiu alterar a economia do município para torná-lo menos dependente da construção civil e do turismo, fortemente sazonal e atrelado ao câmbio de países vizinhos para temporadas mais rentáveis e duradouras.
Na falta de uma solução pelo lado da matriz econômica, enxugar os gastos e estabelecer metas de equilíbrio fiscal são medidas fortemente positivas, mas ainda há um grande desafio pela frente que é estabelecer planos de carreira para o funcionalismo que não se transformem -como é hoje- em sacos sem fundo de recursos públicos.