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Balneário Camboriú
Luciana Andréa
Luciana Andréa
Terapeuta Integrativa e Holística com especialização em plantas medicinais.
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Contraí Dengue e agora?

Com mais de meio milhão de casos confirmados, dezenas de óbitos e centenas de outros ainda sendo investigados, os números apontam para uma nova epidemia. Então vamos entender o que é dengue, quais as consequências dela no organismo, as formas de prevenção e tratamento. 

A dengue é uma doença viral, febril aguda, causada por um vírus pertence à família Flaviviridae, do gênero Flavivírus. O vírus da dengue apresenta quatro sorotipos, em geral, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Esses também são classificados como arbovírus, ou seja, são normalmente transmitidos por mosquitos. No Brasil, os vírus da dengue são transmitidos pela fêmea do mosquito Aedes aegypti (quando também infectada pelos vírus) e podem variar desde casos assintomáticos a quadros graves, incluindo óbitos. A recuperação da infecção fornece imunidade vitalícia contra o sorotipo adquirido. Entretanto, a imunidade cruzada para os outros sorotipos após a recuperação é apenas parcial e temporária. 

Como acontece a infecção?

Com a picada de um mosquito Aedes aegypti infectado, o vírus da dengue penetra na corrente sanguínea. Durante um período de quatro a sete dias, chamado de incubação, o vírus se multiplica em órgãos como baço, fígado e tecidos linfáticos. Passado o período de incubação, o vírus retorna à corrente sanguínea. Neste momento, tem início o período de viremia, que dura cerca de seis dias. Exceto nos casos assintomáticos – quando a pessoa infectada não apresenta sintomas da doença –, o início do período de viremia costuma ser marcado por febre, que surge como consequência da tentativa do organismo combater o vírus. O vírus da dengue continua a se multiplicar dentro das células sanguíneas e atinge a medula óssea, onde compromete a produção de plaquetas, que são fundamentais para os processos de coagulação.

Quais os sintomas da Dengue?

É importante saber que estes sintomas podem aparecer isolados ou de forma combinada, além de poderem se manifestar com diferentes graus de intensidade. O mais comum é a febre, que acomete 99% das pessoas sintomáticas infectadas. Dura cerca de sete dias e pode ser branda ou muito alta. Dores no fundo do olho e na cabeça também são comuns, além de cansaço, fraqueza, dores musculares e articulares intensas. Com o declínio da febre (entre o 3º e 7º dia do início dos sintomas), grande parte dos pacientes recupera-se gradativamente. No entanto, alguns podem evoluir para dengue grave, caracterizada por choque, falta de ar, sangramento intenso e/ou complicações graves nos órgãos.

O sétimo dia da dengue é considerado um ponto-chave para a avaliação do comportamento da doença em cada pessoa, já que é nesta fase que acontecem as modificações para a evolução da doença. Isso significa que a partir daí, ou o paciente melhora ou ocorre um agravamento do quadro de saúde, onde pode evoluir para dengue grave. 

É importante estar em alerta entre o sexto e o oitavo dia para perceber se acontece alguma alteração e sinais de alarme como: dor intensa e contínua ou rigidez abdominal, vômitos persistentes que impede a pessoa de se manter hidratada (outros fatores de desidratação são olhos secos, sede intensa e redução da urina), sangramento de mucosas e urina, acúmulo de líquidos, inchaço em pernas, abdome e outros locais, baixa da pressão arterial, letargia e/ou irritabilidade, aumento do fígado, manchas vermelhas (aquelas que a pessoa aperta e elas não somem), alteração nos exames laboratoriais, indicam que o paciente pode estar perto de um fenômeno hemorrágico. Além disso, tem também as plaquetas muito baixas no exame de sangue e as fortes náuseas, que podem ser um sinal de alterações no fígado.

Qualquer destes sintomas pode indicar um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal.

A dengue hemorrágica se dá a partir da segunda infecção sequencial, pois o novo anticorpo reage com outros anticorpos do vírus anterior. Isso desencadeia o choque hipovolêmico (queda da pressão arterial, pele fria, tonteira, diminuição das plaquetas e aumento do número de hematócritos) que, segundo a OMS, é a 1ª causa de óbitos por dengue no mundo, seguido pela Hepatite que ocorre por conta da resposta imune desregulada com a infecção viral, e a hemorragia.

A multiplicação do vírus provoca inflamação nos vasos sanguíneos fazendo com que o sangue circule mais lentamente, o que pode tornar o sangue mais espesso e provocar a queda de pressão. O sangue espesso pode coagular dentro dos vasos, causando trombos.

A circulação lenta também prejudica a oxigenação e o funcionamento dos órgãos. Caso não haja tratamento adequado o sangue irá parar de circular, os órgãos não funcionarão e consequentemente ocorrerá a morte do paciente.

Diagnóstico

(Freepik)

A dengue só pode ser diagnosticada através de exames em laboratório. Como muitos sintomas são comuns a outras doenças, como viroses e gripe, a busca de atendimento médico não pode ser dispensada. Além disso, a ocorrência de numerosos casos assintomáticos ou brandos da doença é um fator que precisa ser levado em consideração nos cuidados, sobretudo tendo em vista o risco da dengue hemorrágica. Como muitas pessoas infectadas não apresentam sintomas ou apenas sintomas muito leves, a pessoa pode não tomar conhecimento de que teve contato com o vírus da dengue. Assim, acredita que está passando pela primeira infecção, quando na verdade já teve contato com o vírus. Este é mais um motivo que torna urgente a busca de atendimento médico logo aos primeiros sintomas.

O que não se deve fazer quando está com dengue?

Em caso de suspeita de dengue, a auto-medicação pode ser perigosa. É desaconselhado o uso de remédios como Aspirina, Ácido Acetil Salicílico (AAS) e paracetamol, muitas vezes usados de forma indiscriminada pela população em casos de febre e dores de cabeça, que são justamente sintomas da dengue. Estes medicamentos não são recomendados porque atuam respectivamente na pressão sanguínea, e sobre as plaquetas, fatores que são alterados no corpo humano pela dengue, como o caso do Paracetamol – também conhecido como Tylenol, é hepatotóxico, esgota a produção de glutationa no fígado e é a segunda causa de transplantes de fígado em todo o mundo. Sendo a dengue uma virose que ataca o fígado, o medicamento em questão pode agravar o caso, já que também agride a função hepática. O uso de paracetamol pode causar lesões ao fígado, agravando a dengue, podendo levar até mesmo à morte.

Medicamentos como prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona são conhecidos como corticoides — e também são contraindicados em caso de dengue ou de suspeita da doença. Assim como os anteriores, eles podem aumentar o risco hemorrágico da doença e agravar a situação do paciente.

Medicamentos que integram a categoria chamada de anti-inflamatórios não esteroidais também aumentam as chances de sangramento e não devem ser usados no tratamento dos sintomas da dengue. Os mais conhecidos e usados são: indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, nimesulida, sulfinpirazona, fenilbutazona e sulindac. Eles são comumente encontrados nas farmácias e podem ser comprados sem receita médica. No entanto, esses medicamentos prejudicam o funcionamento das plaquetas e, quando um paciente está com dengue, ele já tem as plaquetas afetadas pelo vírus. Sendo assim, ao fazer uso desses remédios, há um aumento no risco de sangramentos e ter a dengue hemorrágica.

No entanto, há ressalvas para o caso de pacientes em tratamento de algum problema cardíaco, que precisam tomar aspirina periodicamente, por exemplo.

Pessoas que possuem doenças crônicas, que sofreram infarto ou tiveram trombose, e estão fazendo uso de medicamentos desses grupos para tratar o problema, ao suspeitarem que estão com dengue não devem interromper o tratamento por conta própria, pois pode agravar o problema cardíaco já existente. O recomendado é procurar um médico imediatamente para analisar o que deverá ser feito, como trocar o medicamento ou fazer o uso monitorado.

Bebidas alcóolicas – o álcool agride o fígado e desidrata. O vírus afeta principalmente o fígado e causa desidratação por si só, não precisamos acelerar esse processo de degradação do órgão com uma cervejinha ou qualquer outra bebida alcoólica, não é mesmo?

Prevenção

Para evitar uma doença que pode nos levar à morte rapidamente, cuidados simples podem ser adotados. Afinal, basta evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti com as ações já tão debatidas e instruídas pelos órgãos públicos e campanhas publicitárias, mas que é importante lembrar aqui:

  • Vedar reservatórios e caixas de água
  • Não deixar água acumulada em lajes, calhas, ralos ou em quintais;
  • Manter os lixos fechados;
  • Usar areia em vasos de plantas, evitando o acúmulo de água;
  • Deixar garrafas, copos e outros recipientes de cabeça para baixo;
  • Manter as lonas esticadas;
  • Retirar a água dos pneus;
  • Não deixar água parada em nenhum local;
  • Usar telas nas janelas; 
  • Fazer uso constante de repelentes com Icaridina na sua composição – Icaridina é o nome dado a uma substância que foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como eficiente na proteção contra insetos – em especial o Aedes aegypti. Por isso, ela tem sido utilizada como princípio ativo de repelentes e protetores solares.

Vacina

Em 21 de dezembro de 2023 a vacina contra dengue foi incorporada no Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde.

Segundo o Ministério da Saúde “A inclusão da vacina da dengue é uma importante ferramenta no SUS para que a dengue seja classificada como mais uma doença imunoprevenível.

A vacina contra a dengue entra no Calendário Nacional de Vacinação pela primeira vez em fevereiro de 2024 e em virtude da capacidade de produção laboratorial a primeira campanha de vacinação atende 521 municípios distribuídos em 37 regiões de saúde do país”.

Embora exista a vacina contra a dengue, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela prevenção pessoal dentro dos domicílios.

Tratamento

A maioria dos infectados com dengue terá o quadro leve da doença, e não existe tratamento. A recomendação é repouso e hidratação, evitando o uso de medicamentos com ácido acetilsalicílico e outros já citados. Porém, um ajuste na dieta e alguns chás de plantas medicinais pode ajudar na recuperação. Vou trazer aqui para vocês, o que normalmente sugiro aos que tenho atendido em consulta, com diagnóstico médico de dengue, e que tiveram uma rápida recuperação. 

Lembrando sempre que: para ter um diagnóstico é imprescindível consultar um médico; Algumas plantas medicinais também apresentam interações medicamentosas ou efeitos colaterais (por isso a importância de consultar um profissional da área); A forma correta, dosagem e posologia das plantas medicinais e Suplementos deve ser feita individualmente para cada caso e por um profissional da área; Toda informação passada aqui, tem base em estudos científicos e muita pesquisa e interação com outros profissionais da área da saúde.

(Foto Freepik)

Hidratação: A hidratação deve ser muito rigorosa. Além de água, é importante ingerir água de coco, chás e soros, pode ser o caseiro mesmo, ou aquele encontrados em farmácias e postos de saúde, para repor os sais perdidos pelo corpo. O recomendado é que o paciente ingira 60 ml de líquido para cada quilo que possui.

Alimentos que ajudam na recuperação da dengue:

Combater os sintomas da dengue e prevenir complicações envolve a escolha de alimentos específicos. Inicialmente, os alimentos mais indicados para quem tem a doença devem ser ricos em ferro e proteína, para prevenir a anemia e, ao mesmo tempo, fortalecer o sistema imunológico.  Os alimentos ricos em vitamina K e B12, ácido fólico e ômega 3 estimulam a produção das células.

Por outro lado, é fundamental evitar aqueles que aumentem o risco de hemorragias, uma vez que a dengue hemorrágica é uma das complicações mais graves da doença. 

Carnes magras, frango, peixes, ovos são recomendados. Assim como brócolis, couve, iogurte natural, as leguminosas (feijão, ervilha, lentilha, grão de bico, soja) são fontes importantes de nutrientes. O inhame aumenta as plaquetas, é rico em vitamina A e do complexo B e melhora a imunidade. Um caldo de ossos com inhame é excelente para repor energias e te deixar nutrido durante este período.  

Além dos que já citei, outros alimentos que ajudam na recuperação da dengue são: melancia, banana, pera, caqui, manga, beterraba, couve, agrião, alface, espinafre, rúcula, bertalha e cenoura.

O que não comer quando se está com dengue:

Tão importante quanto conhecer os alimentos que ajudam na recuperação da dengue é saber quais você deve evitar porque podem resultar em complicações.

  • Frutas: Amoras, mirtilos, ameixas, pêssegos, melão, romã, limão, tangerina, abacaxi, damasco, cereja, uvas, groselha, nectarina, tamarindo, laranja, kiwi e morango. 
  • Legumes: Aspargo, aipo, berinjela, rabanete, tomate e pepino. 
  • Frutas Secas: Passas, ameixas secas, tâmaras. 
  • Tubérculos: Batata e batata-doce. 
  • Oleaginosas: Amêndoas, nozes, pistache, castanha-do-pará e amendoim. 
  • Condimentos e Ervas: Mostarda, cominho, cravo, salsa, coentro, páprica, canela, noz-moscada, pimenta em pó ou pimenta vermelha, açafrão da terra.
  • Bebidas: Vinho, cerveja, licor, rum, todas que contém alcool e café. 
  • Chás: gengibre, chorão, salsa, alecrim, açafrão e mostarda 
  • Outros Alimentos: Azeite, fava, picles e azeitonas. 

Plantas medicinais:

E, já que os sintomas da dengue, literalmente, “derrubam” qualquer um, alguns chás que vão ajudar bastante a reduzir náuseas, dores de cabeça e no corpo, assim como a reduzir a carga viral:

  • Plantas antivirais e anti-inflamatórias como folhas de abacateiro, Chanana, folhas de goiaba, folhas de tagetes, terramicina, erva baleeira e hortelã-pimenta;
  • Picão preto – para reduzir a febre e proteger o fígado;
  • Erva botão e cardo mariano são excelentes para proteger e regenerar o fígado;
  • Folhas de mamão (chá por decocção) – para casos de dengue hemorrágica. (Proibido para pessoas que sofrem de trombose);
  • Extrato aquoso de própolis – Ele tem propriedades que ajudam aumentar as plaquetas, diminuir a carga viral e o quadro inflamatório, além de ser um repelente natural – ao ingerir própolis, nosso corpo exala um cheiro imperceptível para humanos, mas repelente para mosquitos (esta é uma prática popular bastante usada mas, ainda não encontrei fundamentação científica sobre. Então, o uso de repelentes com Icaridina na sua composição, ainda é o mais assertivo como repelente);
  • Suplementos importantes: Vitamina D, K, B12, Vitamina C, Zinco, Magnésio, Omega3 e Cisteína (aminoácido importante que vai atuar na inflamação hepática, prevenindo ou combatendo principalmente a Hepatite causada pelo vírus.
  • Escalda-pés – Para controlar a temperatura corporal – quando se trata das doenças infecciosas, a febre costuma ser o remédio que o corpo precisa. Muitos vírus e bactérias não sobrevivem a temperaturas altas, além disso, quando a temperatura do organismo aumenta, o sangue circula mais rápido, fazendo com que as células de defesa cerquem e combatam os agentes invasores rapidamente. O escalda-pés distribui o calor aos órgãos do corpo, é relaxante, alivia dores musculares e articulares, reduz a retenção líquida, estimula o sistema linfático a elimina toxinas, melhora o sistema imune, entre outros benefícios. Pode usar algumas das ervas relacionadas acima, sal grosso, óleos essenciais, ou simplesmente água quente numa temperatura de até 45º por 30 minutos (observar sempre seu grau de sensibilidade para evitar queimaduras)

Não se automedicar e procurar imediatamente o serviço de urgência no surgimento de pelo menos um sinal de alarme.

Retorne para reavaliação clínica conforme orientação médica.

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