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Balneário Camboriú
Luciana Andréa
Luciana Andréa
Terapeuta Integrativa e Holística com especialização em plantas medicinais.
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“Nesta terra o dinheiro nasce até nas árvores” –  Dillenia indica

No mês de aniversário desta cidade que eu amo e que minha família escolheu para morar há 38 anos, trouxe para vocês uma das árvores que mais admiro desde que conheci Balneário Camboriú: a Árvore de patacas ou Maçã de elefante como é comumente conhecida.  As árvores de patacas são patrimônio imaterial da Praça dos Pescadores, primeira praça de Balneário Camboriú que está localizada no bairro da Barra;  a praça fica em frente a Igreja de Santo Amaro que é patrimônio histórico.  Na década de 70, no governo de Gilberto Américo Meirinho, a praça foi revitalizada e foram plantadas árvores já grandes, chamadas cientificamente de Dillenia indica, e até hoje, produzem frutos que são utilizados popularmente pela comunidade para tratamento de diversas enfermidades.

A planta é originária da Ásia, mais especificamente da Índia, veio para o Brasil, possivelmente, com a comitiva de D. João VI como planta ornamental e foi espalhada em várias regiões.

Conhecida popularmente como: Maçã-de-elefante, flor-de-abril, árvore-do-dinheiro, fruta-cofre, bolsa-de-pastor, árvore da pataca ou simplesmente dilênia. É  uma árvore linda,  de caule reto e copa larga, da família das dileniáceas. Usada como ornamental, suas folhas são grandes, enrugadas e de intenso e chamativo verde e, suas aromáticas flores são axilares ou terminais, solitárias, de cor amarela ou branca. Os frutos são grandes de casca dura, que se organiza por sobreposição como se fosse uma cabeça de repolho; os frutos, depois de formados, se assemelham a um coco verde, volumosos e pesados; já, suas sementes são pequenas e possuem uma mucilagem bastante espessa.

Tanto a polpa, a semente e a casca da fruta são consumidas como alimento em várias partes da Ásia. É uma excelente fonte de proteínas, carboidratos e aminoácidos, que são muito benéficos á saúde, assim como tantas outras propriedades medicinais que te conto em seguida.

Curiosidades: as extremidades da flor da Dillenia se fecham sobre a mesma para formar o fruto, sendo assim, qualquer objeto que ficar preso à flor, ficará dentro do fruto. Diz a lenda que D. Pedro I colocou várias moedas (patacas) nas flores, depois, quando o fruto estava formado, mandou para Portugal com o seguinte recado: “Nesta terra o dinheiro nasce até nas árvores”.  As patacas foram as moedas que circularam no Brasil de 1695 a 1834. Daí um dos seus nomes populares.

Usos:  Cultivada como ornamental em grandes jardins e parques. A casca serve para curtume e as folhas são usadas como copos ou pratos, utilizadas também como lixa para polir madeira e as cinzas para a limpeza de metais, especialmente a prata. A madeira é dura e resistente, usada em obras imersas na água; própria para construção naval, carpintaria e considerada muito boa para lenha. Os frutos verdes são cozidos para o preparo de picles. As sépalas de frutos verdes cortadas em tiras e depois de branqueadas, servem para fazer diversos pratos salgados podendo ser utilizada no lugar de legumes convencionais. As sépalas (quando o fruto está maduro) depois de picadas e fervidas, podem ser batidas no liquidificador e coadas, produzindo um suco aromático, com sabor refrescante e agradável. Na índia o suco é utilizado no tempero de carnes e sopas de legumes, os hindus comem as sépalas e preparam geleias e sorvetes com as mesmas. No Panamá, o fruto maduro, é comido cru ou cozido para aliviar problemas de reumatismo e serve ainda para o preparo de doces. Em Sri-lanka os gomos maduros são utilizados para preparar uma bebida fermentada muito apreciada por lá.

Medicinal –  As folhas, a casca, o caule e os frutos da planta são usados na medicina tradicional como bebida para o tratamento de febre e tosse, além do extrato alcoólico que é utilizado topicamente nas articulações para o tratamento de dores e inflamações. Os usos medicinais desta planta foram descritos em diferentes textos antigos como Yajurveda, Charka Samhita, Sushruta Samhita, Rajanighantu, Matsya Purana, Agni Purana e Flora da China. Na Índia, a polpa da fruta é aplicada no couro cabeludo para curar a caspa e queda de cabelo, e as sépalas desta planta têm sido usadas desde os tempos antigos para tratar distúrbios estomacais, mas, ela tem muitas outras propriedades comprovadas em estudos e pesquisa cientifica:

Cientificamente – Os estudos de literatura e pesquisas com a maçã-de-elefante mostram que ela tem ação terapêutica em tratamento de dores musculares, em caso de inflamações e ainda como analgésico no tratamento do reumatismo e da artrose. Na forma de frutos, folhas, cascas ou outras partes da planta, os principais constituintes químicos presentes são betulina (triterpenóide pentacíclico) e ácido betulínico que apresentam amplo espectro de atividades farmacológicas que incluem: anti-HIV, anti-inflamatório, anticâncer, antimalária e antileucêmico. Além disso, a Dillenia indica possui atividade com forte ação antidiabética, analgésica, antirreumática, antimicrobiana, anticândida, antibacteriana, antioxidante, antiproliferativa, antidiarreica, citotóxica, cicatrizante de feridas e ondulação capilar. A fruta apresenta propriedades benéficas para a digestão, para acabar com vermes intestinais; ajuda no tratamento da diarreia, dor abdominal e má digestão. Possui propriedades laxativas, purificam o sangue e o aparelho intestinal. O uso das folhas melhora dor de garganta, doenças respiratórias e tosse. A casca e as folhas têm efeito adstringente. O suco da casca e frutos  são misturados  e administrados  oralmente para o tratamento de câncer e diarreia;  Os extratos de frutas e folhas são relatados como atividade antioxidante. No extrato alcoólico (tintura)das folhas encontrou-se atividades depressoras do sistema nervoso central, atividade anti-inflamatória e antimicrobiana.

Ainda é usada para tratar a febre e atua como agente de resfriamento para aliviar o calor do corpo. Além de todas essas atividades, várias partes desta planta são benéficas no tratamento do diabetes e suas complicações associadas, como: hiperlipidemia, nefropatia diabética e neuropatia.

Além disso, a planta apresenta boa tolerabilidade mesmo sendo administrada em doses mais elevadas sendo considerada, portanto, como uma planta segura para ingestão, sem efeitos adversos. Por outro lado, os dados indicaram um potencial de fotosensibilizante para o extrato, no uso tópico (assim como o limão, ela não deve ser usada topicamente sob a luz do sol).

Diabetes – Estudos relataram a atividade hipolipidêmica do extrato das folhas de Dillenia indica em ratos diabéticos. Vinte e um dias de tratamento, a maçã de elefante mostrou ser benéfico na melhoria dos níveis de lipídios totais, peso corporal, fígado e função renal. Além disso, o extrato mostrou melhora nas alterações histopatológicas do pâncreas, fígado e rim no diabetes. Concluiu-se que o uso de Dillenia indica pode ser benéfico no manejo do diabetes e outras anormalidades associadas a esse distúrbio metabólico, assim como na neuropatia associada ao diabetes (distúrbio neurológico associado ao diabetes, com sintomas como  formigamento, hiperalgesia, queimação e dor). Outro estudo de folhas de Dilenia para avaliar seu efeito na glicemia de jejum, insulina sérica e lipídios  em ratos, mostrou uma significativa atenuação da glicemia de jejum elevada, dos níveis lipídicos e o estresse oxidativo, confirmando que a planta possui propriedade antidiabética, bem como melhora o peso corporal, perfil hepático, perfil renal, colesterol total e também tem efeito favorável para inibir as alterações histopatológicas do pâncreas e do rim no diabetes.

Estudo em humanos: Um estudo em humanos realizado em Assam, Índia, com o pó de frutas de Dillenia indica mostrou efeitos hipoglicêmicos significativos em pacientes com diabetes tipo 2. Neste estudo, foram testados 40 pacientes com diabetes tipo 2 . Eles receberam pó de fruta de Dillenia indica na dose de 30 g/dia (dividida em duas doses) meia hora antes do almoço e jantar com água morna por 24 semanas juntamente com controle da dieta e modificação do estilo de vida.  Ambos os níveis de glicose no sangue em jejum e pós-prandial de pacientes diabéticos foram reduzidos significativamente sem qualquer efeito adverso. Este estudo concluiu que a fruta Dillenia indica tem um potencial valor terapêutico para tratar a hiperglicemia em humanos.

Anti-inflamatória e analgésica – Estudos in vivo, mostraram que os extratos D. indica  apresentaram significativa atividade anti-inflamatória e analgésica central e periférica em comparação com diclofenaco e indometacina em modelos de inflamação.

Antileucêmica  – O extrato metanólico dos frutos de Dillenia indica L. apresentou atividade antileucêmica significativa em células de leucêmicas.

Credito Editora CRV

DILLENIA INDICA: uma espécie vegetal segura para tratar lesões psoriasiformes.

Este é um livro de autoria de Flávia de Souza Fernandes, professora do IFC de Camboriú,  que desenvolveu o estudo durante seu mestrado em Ciências da Saúde e o lançou em 2019, durante o Congresso Brasileiro de Conselhos de Enfermagem, na cidade de Foz do Iguaçu,PR.  O livro é uma pesquisa sobre a eficácia e segurança do extrato de Dillenia Indica, onde o leitor pode compreender mais sobre as ações da planta,  as lesões dermatológicas persistentes, traumáticas crônicas e dermatológicas imunomediadas, assim como o tratamento de feridas crônicas e de  psoríases, a segurança de um fitoterápico, flavonoides, ácido betulínico e os efeitos dos fármacos sob radiação luminosa.

 “Esta pesquisa foi necessária para avaliar a eficácia e segurança do extrato de Dillenia indica. Identificar os princípios ativos nocivos e estimar as doses para os ensaios clínicos. Dillenia indica é utilizada na região de Santa Catarina para o tratar doenças com fundo inflamatório. Por este motivo, um estudo desta natureza é necessário na área das ciências da saúde.”

O livro está disponível em formato impresso e digital (recomendo a leitura) no site da editora CRV (https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/34122-dillenia-indicabr-uma-especie-vegetal-segura-para-tratar-leso771es-psoriasiformes )

Lembrando sempre que, as informações contidas nessa coluna têm caráter informativo, portanto não são utilizadas para auto-diagnóstico, auto-tratamento ou auto-medicação. É de extrema importância que você converse com o profissional de saúde que te acompanha sobre a possibilidade de incluir as plantas medicinais no seu tratamento e nenhum tratamento médico ou uso de medicação química deve ser interrompido ou substituído abruptamente pelo uso de plantas medicinais. Crianças, idosos e gestantes exigem cuidados e dosagens específicas sob algumas plantas. Consulte sempre um profissional da área.

As informações completas sobre as plantas, terapias e dicas importantes sobre tratamentos naturais, estarão sempre disponíveis na página da @banho.de.mato no instagram, mas você também pode me consultar no whatsapp sobre outras plantas e tratamentos naturais, ou enviar sugestões para as próximas publicações.

Gratidão e o desejo de saúde e bem estar a todos!

Banho de Mato – Um cuidado que vem da natureza      

Luciana Andrea – Terapeuta Natural – 47)99997.8889

Deixo aqui algumas das fontes pesquisadas para os leitores que desejarem se aprofundar nessa delícia.

Fontes:

https://www.hindawi.com/journals/jdr/2019/4632491/

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2222180815609884?via%3Dihub

https://www.jyoungpharm.org/sites/default/files/10.4103_0975-1483.51885.pdf

https://sci-hub.se/https://doi.org/10.1016/s1995-7645(11)60101-6

https://doi.org/10.1016/j.jff.2016.02.016

https://doi.org/10.1016/j.fbio.2013.11.005

https://doi.org/10.1016/S2222-1808(15)60988-4

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0944711309001883

https://web.archive.org/web/20180604115802id

http://www.ijcbs.com/cms/php/upload/14_pdf.pdf

http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S2212429213000825?via%3Dihu

http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2017/09/Disserta%C3%A7%C3%A3o-Fl%C3%A1via-de-Souza-Fernandes.pdf 

https://sci-hub.se/https://doi.org/10.1016/s1995-7645(11)60101-6

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