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Enéas Athanázio
Enéas Athanázio
Promotor de Justiça (aposentado), advogado e escritor. Tem 60 livros publicados em variados gêneros literários. É detentor de vários prêmios e pertence a diversas entidades culturais. Assina colunas no Jornal Página 3, na revista Blumenau em Cadernos e no site Coojornal - Revista Rio Total.
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A HISTÓRIA DA PETROBRÁS

A história da Petrobrás tem íntima ligação com a história moderna do Brasil. Desde que foi idealizada e depois colocada em prática, a petroleira teve que enfrentar e superar os obstáculos que foram colocados em sua trajetória, muito poderosos, e que não foram poucos.  Já na Revolução de 1930 Getúlio Vargas amadurecia o projeto de sua criação, impulsionado pelo nacionalismo que percebia que o país que aliena suas reservas de combustível aliena também sua própria soberania. Esse entendimento, porém, não era percebido e muitos brasileiros, de boa ou de má fé, se colocaram em luta contra a criação da Petrobrás. Getúlio, porém, foi aos poucos sedimentando o caminho e baixando decretos que formaram a base de nossa legislação petrolífera. Aos trancos e barrancos, a Petrobrás foi implantada, produziu, prosperou e se transformou na maior empresa nacional, mesmo sendo vítima de verdadeiro saque por uma súcia de corruptos. Getúlio Vargas pagou a ousadia com a própria vida.

Todo o desenrolar dessa tumultuada trajetória está descrito com minúcia no livro “ História da Petrobrás” (Edição da AEPET – Rio de Janeiro – 2023), de autoria de José Augusto Ribeiro e que me foi oferecido por Pedro Augusto Pinho, economista e escritor. Livro bem documentado, baseado em sólidas fontes e em imensa bibliografia. 

Certos acontecimentos são de arrepiar e me levam a pensar, como já disse em outra ocasião e da qual muitos não gostaram, que um país que tem filhos assim não necessita de inimigos. O entreguismo explícito foi exercitado às claras por aqueles que defendiam os interesses das multinacionais do petróleo, as chamadas 7 Irmãs, mesmo à custa do futuro do país. Os cabeças da velha UDN, Eduardo Gomes, Juarez Távora, Carlos Lacerda, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto e tantos outros formaram fileiras coesas contra Getúlio e a Petrobrás. Com o apoio de Assis Chateaubriand, o dono da mídia na época, Lacerda atacava Getúlio de maneira brutal através das emissoras de TV do Rio e de São Paulo e de seu jornal “Tribuna da Imprensa”. Procurado, Chateaubriand foi indagado das razões de tanta fúria e ele teria enviada a Getúlio um ultimato:

– Desista da Petrobrás!

Todos eles, mais tarde, apoiaram o golpe de 1964, além de Adhemar de Barros e Jânio Quadros.  Estes últimos e mais Lacerda acabaram engolidos pelo monstro que ajudaram a criar – foram cassados.    

Em 1938 Getúlio Vargas nacionaliza todas as reservas de petróleo do país. A indústria e o comércio do petróleo e derivados passavam à jurisdição do governo federal. Os entreguistas bramiam de ódio. As empresas ou pessoas que se dedicavam à busca do petróleo tiveram suas atividades proibidas. Oscar Cordeiro e Monteiro Lobato estavam entre elas. Como se sabe, Lobato lutava pelo petróleo e mantinha duas sondas em ação, uma no interior de São Paulo e outra em Mato Grosso. O escritor, no entanto, não acreditava no monopólio estatal partindo do princípio de que os serviços públicos no país eram da pior qualidade. Citava sempre a Central do Brasil onde os acidentes eram frequentes. Para ele, o petróleo deveria ficar com a iniciativa privada e nas mãos de empresas constituídas apenas por brasileiros. Mais tarde, diante do sucesso da Petrobrás e de Volta Redonda, ele mudaria de opinião e aceitaria o monopólio. Não queria, acima de tudo, que nosso petróleo caísse nas mãos das multinacionais e se preocupava com o fato de que elas “acaparavam” as áreas potencialmente petrolíferas como reservas.

Até então o mote repetido era de que o Brasil não tinha petróleo. O óleo surgiu na Bolívia e na Argentina, mas aqui não existia, como se a natureza traçasse uma linha divisória em nossa fronteira. Mas em 1939, por coincidência na localidade chamada Lobato, no Recôncavo Baiano, o desejado petróleo veio à tona. No dia 22 de janeiro, domingo, Oscar Cordeiro foi muito cedo ao poço do Lobato. E lá – relata ele – “o petróleo manava da boca do poço e corria pelo chão rumo ao leito da estrada de ferro…” Estava comprovada a existência de petróleo no subsolo nacional. 

A Petrobrás foi constituída e entrou em operação. Passou a enfrentar as vicissitudes dos governos que se sucederam no país e cresceu sempre, aprimorando suas técnicas de exploração. E assim continua até hoje.

O petróleo e a Petrobrás motivaram a última manifestação em massa do povo brasileiro em favor de um objetivo nacional. “O petróleo é nosso!” galvanizou o país. Duas décadas de ditadura, no entanto, parecem ter anestesiado nosso povo que não luta por mais nada e parece indiferente à sua própria sorte. Alguns desavisados, porém, propõem a ditadura. Preferem ser escravos a ser livres. Mas o Pai os perdoará porque não sabem o que fazem.

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