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Mercados começam a perder a fé nos EUA e China leva vantagem sobre Trump, diz Paul Krugman

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(FOLHAPRESS) – O economista Paul Krugman, 72, prêmio Nobel de Economia em 2008, afirma que o mercado financeiro global está sendo complacente com a trajetória de aceleração da dívida pública dos Estados Unidos, hoje em 120% do PIB.

“Até agora, os mercados nos deram o benefício da dúvida. Mas estamos começando a ver reações parecidas a quando investidores reagem ao volume de dívidas na América Latina”, diz. “É uma perda de fé.”

Para o norte-americano, o presidente Donald Trump não é confiável e os investidores subestimam sua capacidade de criar problemas para os EUA.

Krugman, que vem ao Brasil nesta semana para participar da Anbima Summit, afirma que a China leva vantagem sobre os EUA na atual guerra comercial entre os dois países e que a intenção de Trump de reindustrializar os EUA é uma fantasia.

PERGUNTA – Como caracterizaria o governo Donald Trump na economia até agora e qual o potencial de danos para os Estados Unidos e a economia global?

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PAULO KRUGMAN – Tivemos não apenas uma política extremista, mas também extremamente errática. Nada parecido com isso, do que eu conheço, ocorreu na história americana. Além de termos o maior aumento de tarifas da história, os detalhes continuam mudando. Se você perguntar para as pessoas quais serão os níveis das tarifas em dois meses e sobre quais produtos, ninguém tem ideia.

Isso é completamente louco. Não temos ideia de nada, dado o nível de incerteza política. Não há precedentes. Também temos agora a política de deportação de trabalhadores, algo altamente disruptivo. Novamente, ninguém sabe bem como tudo isso vai se desenrolar.

É uma época muito difícil para fazer negócios. Tínhamos uma economia que parecia estar em boa forma em janeiro. Agora, ninguém sabe de nada. Não sabemos o quão ruim isso vai ser, mas não será bom.

P. – As tarifas são inflacionárias, mas podem levar a uma recessão?

PK – Os dados, até agora, não sinalizam uma recessão e o Fed [o banco central dos EUA] não cortou os juros, motivo de reclamações de Trump.

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A inflação é um dado. Nós vamos ver um impacto direto de 1,5 a 2 pontos percentuais nos preços aos consumidores, e sabemos pouco sobre os efeitos indiretos. Normalmente, tarifas não são necessariamente recessivas. O que provavelmente é recessivo é a incerteza.

P. – Se você tem um negócio que se baseia muito em produtos importados da Ásia, vai investir?

PK – Quando não se pode conseguir insumos de fora, você procura no mercado local, substituindo importados mais baratos com produção doméstica. Há um alto risco de isso se tornar um péssimo investimento.

Mas se as tarifas continuam, investir baseado na crença de que você pode comprar insumos importados também é um erro. Mas, se as tarifas forem canceladas, então ter investido em insumos domésticos terá sido um erro. Assim, o que você faz é sentar sobre suas mãos [não fazer nada].

Há um esfriamento nos investimentos e nos gastos. Ainda não sabemos se é suficiente para provocar uma recessão, mas certamente causará uma desaceleração.

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O Fed está operando como todos nós. Ninguém sabe o que vai acontecer. Os dados ainda não estão mostrando muita inflação, mesmo que haja notícias de que empresas estejam aumentando os preços. Isso ainda não apareceu nos números oficiais.

As pessoas esquecem que, no comércio internacional, os navios não atravessam o Pacífico em 24 horas. Vários dos produtos importados que esperávamos estar nas empresas a partir de agora ainda estão em Xangai.

Muitos olham para alguns dados e acham que tem algo acontecendo ou que está prestes a acontecer, o que é alarmante. Mas tudo isso leva tempo e realmente não estamos entendendo direito.

P. – Estamos em uma fase de aumento geral da dívida pública global, especialmente nos EUA. A China também vai por este caminho, enquanto países europeus, especialmente a Alemanha, fazem o mesmo para aumentar investimentos em defesa e sistemas previdenciários. Qual o impacto disso no médio prazo?

PK – Sim, o endividamento está aumentando no mundo todo. Mas a questão central não é se a dívida vai aumentar, mas se ela se torna um problema imediato.

Tradicionalmente, há nações como os EUA ou o Reino Unido que podem pagar grandes dívidas sem muita reação do mercado. Todos assumem que eles são ricos e estáveis e que, no final, vão agir responsavelmente. Se necessário, vão aumentar os impostos, talvez economizar em benefícios sociais e levar as coisas sob controle.

O Reino Unido saiu da Segunda Guerra Mundial com uma dívida de 250% do PIB. E nunca houve uma crise fiscal. Eles apenas trabalharam nisso gradualmente. Já os Estados Unidos têm os impostos mais baixos da OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, conhecida como ‘clube dos países mais ricos’]. Então, há recursos [que podem ser taxados].

P. – Mas os mercados de fato têm sido complacentes com a dívida dos EUA, com a crença de que é um país politicamente estável e responsável. Essa é uma boa descrição dos EUA agora? Você realmente quer acreditar que, com a liderança atual, vão agir responsavelmente neste ou em qualquer outro assunto?

PK – Pensando no longo prazo, matematicamente é fácil enxergar as bases para um plano orçamentário que estabilize a dívida dos EUA em algum momento nos próximos dez anos ou mais. Politicamente, não. A menos que haja uma mudança radical na situação política. Mas é quase impossível ver o país fazendo isso.

Até agora, os mercados nos deram o benefício da dúvida. Mas estamos começando a ver reações parecidas a quando investidores reagem ao volume de dívidas na América Latina. Vimos recentemente a combinação de juros subindo e de dólar caindo, que é o tipo de coisa que se vê historicamente em outros lugares do mundo.

Não conheço o Brasil tão bem quanto deveria, mas tenho pensado que o que estamos passando agora nos EUA parece um pouco como uma versão muito mais suave da crise mexicana dos meados dos anos 1990. É uma perda de fé.

P. – O principal alvo das políticas de Trump parece ser impedir o crescimento da China, seu grande rival. Isso é possível ou a ascensão dos chineses é inevitável?

PK – Na verdade, a China tem muitos problemas. Se olharmos para eles de maneira isolada, são problemas sérios. Estão crescendo bem mais lentamente agora, mas têm instituições e políticas projetadas para uma economia com 8% de crescimento, não para 3%.

Mas, neste confronto como os EUA, eu diria que a China tem a vantagem. Essencialmente, os EUA estão tentando cortar o acesso dos chineses a mercados. Isto é um problema para os chineses, que querem vender produtos para os EUA. Mas eles também tentam cortar o acesso dos EUA para suprimentos, para terras raras e baterias.

Mas é muito mais fácil retomar investimentos parados com um programa de estímulo fiscal [na China] do que criar uma base industrial que você não tem [como querem os EUA]. Então, diria claramente que estamos em uma posição mais fraca. Outros governos nos EUA tentaram bloquear o acesso da China a tecnologias avançadas, mas o sucesso foi duvidoso.

P. – É possível, como quer Trump, que os EUA voltem a ter uma base industrial maior para criar muitos empregos novamente?

PK – Temos atualmente cerca de 10% da força de trabalho na manufatura. Se eliminássemos o déficit no comércio completamente, seriam talvez 12,5%. Antes, eram 30%. O comércio é um fator secundário para a desindustrialização. O fato é que a crescente produtividade na indústria tem reduzido a necessidade de trabalhadores.

Os Estados Unidos são grandes produtores agrícolas, mas não temos, essencialmente, muitos agricultores. A ideia de que poderemos voltar a ser um país principalmente industrial, como éramos há algumas gerações, é uma fantasia.

Raio-x | Paul Robin Krugman, 72

Prêmio Nobel de Economia em 2008, é professor emérito de Economia no Centro de Pós-Graduação da Universidade da Cidade de Nova York e ex-docente na Universidade de Princeton. É autor ou editor de 20 livros e de mais de 200 artigos em revistas e volumes especializados. Foi colunista do The New York Times por 25 anos, até 2024. Formado em economia pela Universidade de Yale, é Ph.D. pelo Massachusetts Institute of Technology.

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