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19.4 C
Balneário Camboriú

Dia da Terra sugere mais atenção com a natureza e toda cadeia que envolve a preservação do Planeta

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Por Marlise Schneider Cezar

Há meio século um senador ambientalista norte-americano, Gaylord Nelson, criou o Dia da Terra, para chamar atenção da população sobre a necessidade de sair em defesa da natureza, mas somente em 1990 a data foi reconhecida como campanha internacional.

Este ano o tema é ‘Restaure Nossa Terra’ e a Ong Ambiental Limpa Brasil (EARTHDAY.ORG) acredita que envolverá mais de um bilhão de participantes em todo o mundo.

A data é lembrada um mês depois do Dia Mundial da Água (22 de março) e igualmente serve como reflexão dos nossos atos. 

Se neste dia cada pessoa usar alguns minutos do seu tempo para pensar como pode ajudar a melhorar esse cenário triste e preocupante que criamos para a ‘nossa casa’, a reflexão já valeu a pena. 

Então faça a sua parte, porque nas pequenas atitudes está o reconhecimento dos nossos erros. 

Para lembrar a data, a reportagem ouviu profissionais envolvidos com a causa, direta ou indiretamente, como educadores, ambientalistas, artistas. Acompanhe:

(Dieter Klaus Bubeck)

Dieter Klaus Bubeck, fotógrafo

“Para que o brilho do sol de cada manhã nunca se apague temos que cuidar
e preservar todos os finitos recursos naturais que o Planeta Terra nos oferece.
A nossa sobrevivência neste Planeta depende de cada um de nós”.

Cezar Silveira, artista plástico drástico performático.

Adora usar coisas velhas que procura atualizar através do seu trabalho, um atualizar que não significa descaracterizar, mas recuperar, preservar como memória, historia ou como identidade.

(Arquivo Pessoal)

“Um exemplo deste preservar, deste manter vivo, é essa cartela de cores do barro, de cores da terra. Geralmente a oportunidade de coletar esse material acontece num curto espaço de tempo quando alguém abre as entranhas da terra  trazendo para a superfície o que estava oculto da nossa vista e que geralmente após um curto espaço de tempo é novamente sequestrado do olhar, recoberto pela vegetação ou pela pavimentação, pela brita ou por galpões ou outras construções… Atualmente uso essa cartela como referencial de cores para minha produção dentro da elaboração de peças de roupas. Agora quanto a questão ambiental, motivo principal  dessa conversa, para mim é prioritária, já que dela depende a  manutenção da vida neste nosso planeta. Procuro nortear meu trabalho para que minha produção seja compatível com a preservação do ambiente do planeta. Moda é uma área que muito me seduz e me absorve. Não a moda como a incansável e eterna busca da novidade, do efeito fácil, da imposição de uma agenda, de consumo acelerado, mas de moda como  manifestação artística. Tenho muita simpatia e identificação com o movimento Slow Fashion, no sentido de desaceleração do consumo. Não sou um inimigo do consumo nem do sistema capitalista, mas considero urgentíssimo e imprescindível a  discussão, o despertar da consciência  e a tomada de atitudes que promovam uma mudança na relação predatória, agressiva e destrutiva que o consumo acelerado tem provocado no meio ambiente”.

As cores da terra…
…na produção da moda (Fotos Cesar Silveira)

Heloísa Furtado Lenzi, secretária do Meio Ambiente

(Carol Cezar)

“O Dia da Terra é uma forma muito mais ampla de conscientização do que somente os aspectos ambientais. Em 92, na Conferência do Rio, quando foi redigida a Carta da Terra ela abordava exatamente isso, depois migrou para  Agenda 21 com todos os objetivos do desenvolvimento sustentável. Quando estamos falando em proteção da Terra estamos falando em vários outros aspectos, respeitar todas as formas de vida, trabalhar para que todas tenham qualidade e consigam desenvolver o objetivo pelo qual estão aqui; integridade ecológica; justiça social e econômica, não violência, paz, democracia, enfim são vários aspectos relacionados na Carta da Terra. 

Balneário Camboriú é muito falada em razão do seu adensamento urbano e hoje os arquitetos, pensadores do  desenvolvimento urbano já destacam o quanto estas cidades compactas e adensadas são uma grande solução para que se tenha uma gestão mais racional, inclusive dos recursos naturais. Balneário Camboriú é um grande exemplo nesse sentido, apesar da imagem ser sempre a praia central, extremamente adensada, o município tem 46 km2, mas pelo menos 25 km2 talvez um pouco mais, de áreas de vegetação preservadas. Nossos morros estão muito preservados. Então praticamente metade do nosso município é de áreas preservadas e nisso nós temos um quarto do municipio que é uma área de proteção ambiental, agora com plano de manejo, já com intenção que se tenha desenvolvimento sustentável naquela região. E nos demais aspectos, não só no ambiental, Balneário manda muito bem, não estou falando só da gestão do Fabrício, estou falando em tudo que foi construído e que chegou até agora. Da gestão atual temos que falar dos programas Abraço, que é o olhar para a qualidade de vida tanto dos animais como das pessoas. É importante chamar atenção para a qualidade de vida das pessoas, porque o ser humano faz parte deste processo, é o grande modificador, mas também é aquele que pode buscar as soluções. A cidade já teve muitos problemas, chegamos ao auge e agora estamos correndo atrás das soluções.

Uma pena que não estamos servindo de exemplo para as cidades ao redor, enquanto somos muito elogiados ou criticados, as pessoas não param para olhar onde erramos para não incorrer no mesmo erro, não repetir os erros que Balneário Camboriú cometeu. Por exemplo, expandir a rede de esgoto sem que ela pudesse atender toda a cidade e agora estamos fazendo isso…e na gestão de resíduos que Balneário Camboriú é exemplo. Colocamos em prática tudo que a política nacional de resíduos sólidos determina, estamos à frente há muito tempo e avançando e as pessoas entendem que gestão de resíduos nos auxilia muito no turismo e outros aspectos. Temos índices de segurança excelentes que fazem com que a cidade tenha qualidade de vida, que oferece condições das pessoas crescer aqui e somando tudo, estamos investindo nos vários aspectos que se destacam no Dia da Terra”.

Arlene Dellatorre, eco-artista

Criou o Projeto Salve os Oceanos, hoje composto por mais de 90 obras realizadas com a reutilização de materiais descartados, em sua maioria recolhidos da areia da praia de Balneário Camboriú.

(Arquivo Pessoal)

“A Terra pede Socorro! Temos um só Planeta, não temos um segundo Planeta. Nós seres humanos dependemos dos recursos naturais da terra, sem eles não vivemos. Não estamos cuidando da nossa casa, exterminamos  com as florestas, poluímos as águas do mar e rios, provocamos poluição do ar, a  escassez da água, provocamos desastres ambientais, exterminamos com os animais marinhos, aumentamos a temperatura terrestre…Todas as ações para cuidar da Terra são importantes, não espere somente dos governantes, vamos fazer a nossa parte, desde projetos como o Salve os Oceanos, que realiza obras de arte com materiais descartados até as grandes ações. Vamos todos nos dar as mãos para salvar o Planeta Terra. O projeto tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a necessidade urgente de cuidar das águas do mar para proteger todos os tipos de vidas”.

Marilene Cardoso, secretária da Educação

(Divulgação)

“As datas como Dia da Terra, Dia da Água ou da Árvore entre tantas outras, são abordadas com as crianças de modo permanente e contínuo, ou seja, em sua função social, nas várias experiências e vivências desenvolvidas na instituição. Nas próprias Diretrizes Curriculares para a educação infantil, em seu artigo Art. 9º, diz que as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e a brincadeira, garantindo experiências que, em seu inciso X – promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais.  Logo e nessa  perspectiva as datas são trabalhadas todos os dias na jornada pedagógica da criança dentro do núcleo, juntamente com projetos como, o Terra Limpa desenvolvido em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente, dessa forma as crianças são inseridas em um mundo que faça com ela repense suas ações nas diversas questões diárias, como por exemplo, o ato de não desperdiçar comida na escola, a separação do lixo na instituição, o momento da escovação bucal economizando a água, o consumo consciente, o cuidado com a fauna e flora e demais investigações. Enfim, trabalhamos respeitando e ensinando os princípios políticos e éticos onde a criança é tida como um sujeito que pensa e problematiza todas as questões e ações enquanto cidadão agente de mudanças, mobilizador e consciente.

A natureza na infância (creditos – Divulgação/Terra Limpa)

Luciana Andréa de Jesus, coordenadora do Eco Cidadão

(Arquivo Pessoal)

“Faz 51 anos que essa data foi criada para incentivar a consciência mundial sobre a importância da conservação da biodiversidade e de evitarmos o consumo desenfreado.  Passados tantos anos, vemos que não aprendemos muito. E, agora, com uma pandemia mundial  e  uma crise climática sem precedentes, somos obrigados a rever valores, a repensar prioridades, a evitar o contato físico, a valorizar a importância da natureza e a reconsiderar nossa existência na Terra.

Este dia serve para nos fazer pensar, principalmente nesse momento, qual a nossa parcela de responsabilidade sobre o cuidado com nosso planeta? Estou fazendo minha parte? Vamos pensar nas nossas ações individuais, coisas simples do dia a dia, antes de se preocupar com os outros! Assim poderemos cobrar ações melhores de nossos governantes e incentivar as pessoas de nosso convívio! Vamos aproveitar esse momento para repensarmos nossos atos, pôr em prática melhores hábitos de cuidados com a nossa casa, que é esse planeta lindo e o único que temos para morar. O que podemos fazer hoje para um mundo melhor amanhã?

  •  Preserve as árvores
  •  Economize energia e água
  • Não jogue lixo nas ruas
  • Separe o seu lixo
  • Reutilize, reaproveite e recicle tudo que for possível
  • Composte ou encaminhe os resíduos orgânicos para compostagem
  • Evite o uso de produtos descartáveis e sacolas plásticas
  • Compre apenas o necessário

Perceba quais mudanças de hábitos pode adotar para melhorar a situação na qual nos encontramos… e por menor que elas possam lhe parecer, caminhe nesta direção!

Carla Cravo, professora Mestre

(Arquivo Pessoal)

“É sempre oportuno abordarmos assuntos sobre a saúde do planeta, discutirmos sobre nossas contribuições para mantê-lo saudável, principalmente sobre o lixo. Porque quando jogamos algo fora, no lixo, não existe “fora”, todo resíduo descartado continua no planeta.

 Como educadora procuro explorar ao máximo os ambientes naturais. Trabalho em uma escola pública de educação infantil no centro da cidade de Balneário Camboriú/SC e temos o privilégio de termos em nosso pátio um jardim com algumas árvores de médio e grande na sua maioria nativas e outras exóticas; temos também colmeias de abelhas sem ferrão, abelhas brasileiras; monitoramos as aves que visitam nossa escola e já registramos mais de 28 espécies diferentes em um tratador que mantemos há alguns anos.

Precisamos fazer com que crianças se sintam parte da natureza. É perceptível que estão cada vez mais longe ambientes naturais, principalmente agora com a pandemia, focados principalmente em tecnologias desde muito cedo”.

Ketellin observando colmeia de abelhas brasileiras sem ferrão em sua escola (Carla Cravo)

Fabrício Melo, diretor da Defesa Civil 

(Arquivo Pessoal)

“Nos últimos anos tenho visto nas morrarias da cidade diversos tipos de ocupação humana e vejo a importância de evoluirmos na conscientização da comunidade sobre esse assunto. Como isso afeta a qualidade de vida, nas questões sociais, sanitárias, ambientais e de segurança. Quando ocupamos de forma correta, estamos trabalhando para uma sensível melhoria com retorno direto em nossas vidas. Tratar de forma adequada o solo, a vegetação e as águas é uma obrigação de todos”.

(Arquivo Pessoal)

Viviane Ordones, diretora do Programa Terra Limpa 

(Divulgação/Semam)

“O Terra Limpa nasceu como projeto e a Política Municipal de Educação Ambiental estabeleceu o Programa Terra Limpa como norteador da educação ambiental formal e não formal no nosso município. São mais de 20 anos de trabalho intenso em toda rede de ensino e junto a comunidade. A Educação Ambiental transformadora e emancipatória é percebida em nossa cidade justamente pela relação que nossa comunidade estabelece com o meio ambiente. Esse período tão inusitado de pandemia nos remete exatamente às questões ambientais, onde o indivíduo pode de fato avaliar sua relação com os bens de consumo. Podemos analisar nossa postura  e concluir que nosso padrão consumo determina o impacto no planeta Terra. 

Estes últimos meses buscamos fortalecer a educação ambiental reforçando nossa responsabilidade com a mãe Terra! Dia Mundial da Terra nos impele a assumir que somos únicos responsáveis pela vida neste Planeta”.

Arlete Tomazoni, bióloga

(Arquivo Pessoal)

“Acredito que um dos problemas que temos enfrentado durante a pandemia é a incapacidade de ver a conexão entre a forma insustentável como lidamos com o meio ambiente e os riscos que a exploração desenfreada da natureza traz para a saúde humana e de outras espécies. Dentre esses riscos, a caça e o comércio ilegal de animais, considerado a porta de entrada de zoonoses, o desmatamento e destruição das áreas de florestas, que interfere diretamente nas alterações climáticas que temos acompanhado e vivenciado. Em Balneário Camboriú  não é diferente. Os riscos de desabastecimento de água, de áreas de alagamentos cada vez maiores,  desmoronamento e deslizamento de encostas são apenas alguns que são iminentes. Todos eles poderiam ser mitigados, se a vegetação fosse preservada.. O plantio de árvores,  a manutenção de áreas verdes e o desenvolvimento de  programas de recuperação de áreas degradadas deveriam ser  prioridade dos órgãos públicos e da sociedade. O que temos acompanhado é um grande interesse e procura por parte de empreendedores de áreas altamente vegetadas do município, o que causa uma certa preocupação, já que as leis  mudam… e nem sempre em benefício do meio ambiente”.

Lilian Martins e Pita Camargo, artistas visuais

Produzem suas obras em um atelier em um sítio em Gaspar, onde estreitaram seus ‘laços’ com tudo o que a terra oferece.

Lilian e Pita,  ligação direta com as coisas da terra (Arquivo Pessoal)

“…No princípio Deus criou os céus e a terra… e da terra, tiramos a matéria de nossos ofícios, o Pita transforma as rochas em esculturas, as tintas tem os pigmentos da terra em minha pintura. Ambos exploramos, além dos materiais, os temas da terra, da paisagem natural. Em nosso atelier, em que temos espaço para trabalhar a terra, temos aprendido o valor da semeadura e da colheita, a oportunidade de respeitar os ciclos e de nos alegrar quando os frutos surgem abundantes. O ato de colher precede atenção, cuidado, trabalho e amor.  Da nossa horta-jardim, colhemos temperos, abacate,  banana, pitaya, uva, pitanga, abacaxi, diversos legumes, e rosas. O novo  projeto do Pita inclui café e oliveiras, na esperança que a terra, no tempo certo, dê seu fruto”.


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