- Publicidade -
20.7 C
Balneário Camboriú

“Um sonho que se sonha junto e é realidade”, por Fernanda Schneider Cezar

Memória & Histórias 30 anos JP3

(Equipe de funcionários e colaboradores)

Durante esses 30 anos de jornalismo do Página3, passaram pela redação dezenas de funcionários e colaboradores, esse relato é de um deles.

“Eu cresci dentro do jornal, literalmente. Lembro muito bem do Paulo, um diagramador que vinha de Florianópolis montar as páginas do jornal.. ele ia colando cada texto escrito, cada imagem, cada anúncio em páginas gigantes de papel que depois iriam para a gráfica. Adorava acompanhar para ver como iam ficando as páginas.. 

Lembro também de ir algumas vezes com meu pai até Blumenau, levar a edição da semana na gráfica. A gente chegava lá à tardinha, sempre no prazo limite de entregar a edição e depois eu podia passear um pouco no Shopping Neumarkt que era ali perto e às vezes voltávamos às 4 da manhã, porque muitas vezes a gráfica atrasava a entrega. Eu adorava, era um momento que tinha com meu pai, porque ele estava o tempo todo trabalhando… hehe

Quando virei adolescente minha primeira função foi a de revisora de textos e conferência de anúncios, até escrever o obituário rs. Já formada em Jornalismo, escrevia matérias, mas confesso que tinha um pouco de dificuldade de lidar com o jeitão papo-reto do Waldemar, que nesse caso era meu pai e meu chefe. Bem, quem trabalha com família, deve saber o quão desafiador é.

Nesses anos todos, lembro com amor dos dias de fechamento da edição, que eram tensos, por causa do prazo, mas sempre acabava em pizza. Adorava a equipe toda reunida em volta da mesa comendo pizza junto. 

Fab e Nanda, na redação da Rua 2448 (Arquivo/JP3)

Lembro também de acompanhar de perto, diversos dias de estresse e dificuldades, de recebermos ameaças de morte e dormir com escolta policial na frente de casa, por conta de denúncias políticas que o Página 3 fazia.

Esse comprometimento com a verdade sempre foi a marca registrada do jornal e depois que fiquei adulta, entendi o tamanho da bronca que o jornal sempre abraçou, leia-se aqui Waldemar, que vai ficar velhinho tentando salvar o mundo e prender os corruptos. 

Meus pais me deram de presente o que julgo mais importante numa pessoa, o caráter, e exatamente por isso, sempre senti muito o tanto de ataques que o Jornal sofria dizendo que “éramos vendidos”, “tendenciosos”, etc etc..  

Ganhei de presente também uma aversão à política, justamente por ver muito de perto como é sujo esse esquema todo, como éramos atacados por falar a verdade, enfim…

Hoje cuido do Financeiro, em home office, em horários alternados com meu ‘trabalho’ de mãe. 

Sempre me incomodei de ver meus pais trabalhando tanto, sem trégua, e hoje, 30 anos depois, eles seguem na frente da tela, no mesmo ritmo frenético. Parei finalmente de sofrer por isso, entendi que o Página 3 é o que move eles, “um sonho que se sonha junto e é realidade”, como diria Raul Seixas. 

(Arquivo Pessoal)

Nota da Redação: Fernanda Schneider é jornalista e diretora financeira do Página3

Leia mais matérias sobre os 30 anos do Página3

- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -
- Publicidade -