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Balneário Camboriú
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Verticalização e o futuro de Balneário Camboriú: falta de planejamento preocupa especialistas

Balneário Camboriú é conhecida por seus arranha-céus, inclusive tem hoje o edifício mais alto já construído no país, e o segundo mais alto da América do Sul, com 290 metros de altura, o One Tower, concluído em dezembro do ano passado. Outro ainda maior virá,  o Triumph Tower, com mais de 500m e deverá ser o mais alto edifício residencial do mundo. 

A coincidência entre esses dois prédios, além de ambos serem da Construtora FG, é que eles têm como endereço a Avenida Atlântica da cidade (na Barra Sul), onde não há ‘limite’ quanto a altura dos prédios. 

Esse assunto preocupa, principalmente pelo debatido problema da sombra que os prédios fazem na Praia Central, além ainda da infraestrutura de água, esgoto e trânsito. 

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O tema foi debatido na I Conferência Zona Costeira Santa Catarina 2023, mediado pela professora Rosemeri Carvalho Marenzi, do programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia Ambiental da Univali, e o Página 3 esteve lá. 

‘Esse é o momento’, diz organizador 

O organizador da Conferência, pesquisador e professor, especialista no assunto, Marcus Polette, explicou que os desafios, dentro do que foi tratado na Conferência, são focados no processo de urbanização e o maior adensamento demográfico, demonstrado no censo do IBGE. Um exemplo é Camboriú, que está entre os 10 municípios do Brasil com maior incremento demográfico (na 6ª colocação). 

“Ou seja, mais do que nunca, temos que entender o que está acontecendo dentro da costa de SC e que são necessários programas de planejamento, como é o caso do mapeamento do zoneamento costeiro, para que a costa catarinense tenha um futuro promissor. Temos 41 municípios na zona costeira e basicamente 30% da população de SC vive nessa faixa, e grande parte da economia de SC está focada nesta região”, diz.

Polette disse que todas as cidades estão escolhendo os seus destinos, e uma prova disso é a liberação de construção de prédios na Avenida Atlântica independente da altura, como o de mais de 500m, liberado pela prefeitura. 

“Logicamente é importante entender que existem elementos de capacidade de carga que limitam crescimento contínuo e sem planejamento. Todas as cidades precisam de água, energia, saber onde vai ocorrer destinação de seus resíduos, saber os problemas que geram falta de balneabilidade e desmatamento da vegetação… e consequentemente tende a limitar o crescimento dos municípios porque todo mundo precisa de água e a água precisa ser de qualidade e em volume suficiente para chegar a todos os habitantes. É momento de muita união, estamos no momento de que ‘esse é o momento’, por isso as iniciativas precisam receber apoio de todos, porque estamos todos dentro do mesmo lugar chamado planeta terra”, comenta.

Histórico da verticalização

Na foto, Gil Koeddermann, o promotor Eduardo, Daniela Occhiliani, da Praia Brava, a mediadora do painel, professora Rosemeri, a professora Carolina, de Arquitetura, e a corretora Amanda (FotoRenata Rutes)

Primeiramente, foi apresentado no painel que discutiu a falta de limite na altura dos prédios o fato de que a verticalização é um processo que acontece há muitos anos – os primeiros arranha-céus foram prédios comerciais construídos entre 1884 e 1939, principalmente em New York e Chicago/EUA. 

Os primeiros no Brasil foram erguidos em São Paulo e Rio de Janeiro, na década de 1920, mas o primeiro ‘paredão a beira-mar’ foi o Copacabana Palace, em 1930. 

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Em Balneário a referência é o Hotel Fischer, construído em 1957 e que está dando lugar ao edifício Fischer Dreams, com previsão de entrega em 2025 e que terá 62m de altura. 

Sem sol na praia e praças

Foi apontado pela professora Carolina de Carvalho, do curso de Arquitetura e Urbanismo, que Balneário Camboriú vai ‘contra o ideal’, já que além de ter prédios muito altos, eles também estão muito próximos da faixa de areia, causando sombra na praia. 

“Os prédios ainda são barreiras de vento, causando um efeito afunilado, levando muito ou zero vento em alguns casos. E o sol é saúde, além da praia, há até praças centrais da cidade que ficaram sem sol, como a Praça da Bíblia e a Higino Pio. Precisamos mesmo de regiões adensadas? Precisamos verticalizar algumas regiões? Como toda grande decisão, precisamos de cautela e de critérios claros para favorecer a comunidade sem prejudicar os moradores e desvalorizar espaços já consolidados”, disse.

Praia Brava também foi pauta

(Foto Hildo Jr)

Daniela Occhialini, que é presidente da Associação Comunitária de Moradores da Praia Brava (AC BRAVA) e uma das organizadoras do movimento Salve Brava também participou do debate, lembrando que há anos lutam para que a Praia Brava não siga o mesmo caminho que Balneário, apesar de que o local hoje está muito diferente do original e conta com muitos condomínios, já que o bairro é alvo de grande interesse imobiliário. 

Daniela demonstrou preocupação, pontuando que na década de 90 a Brava era muito diferente e que as pessoas até mesmo trocavam terrenos no bairro por carros e outros bens. 

“As principais ameaças da Brava são a agressiva especulação imobiliária, o processo de ocupação e desenvolvimento associado a interesses políticos e econômicos, edificações de elevada altura e uso do subsolo, desenvolvimento sem sustentabilidade e planejamento sem capacidade suporte”, afirmou.

Ela disse que ‘a luta continua’ e que o movimento foi ampliado para impedir que o crescimento desordenado não atinja outras praias de cidades como Bombinhas, Barra Velha, Penha, São Francisco do Sul, dentre outras.

Construção civil & mercado imobiliário

A empresária do ramo imobiliário Amanda de Lima, da Idealizze Negócios Imobiliários, participou do seminário e opinou que a construção civil é um motor da economia, gerando empregos e impulsionando o turismo e o comércio, e que a verticalização permite apresentar um maior espaço (apartamentos) para mais pessoas, mas que precisa haver controle, adequação e infraestrutura. 

“Edifícios altos podem obstruir a vista do mar, alterar a paisagem natural, sombrear a zona praial e prejudicar o acesso do público à praia. Defendo também a bioarquitetura e planejamento urbano, considerando a capacidade de suporte dos municípios”, pontuou.

O consultor ambiental, especialista em licenciamentos ambientais e atende diversas construtoras da região, Gil Koeddermann, que esteve no evento representando o Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) disse que não admite que falem mal de sua cidade e do desenvolvimento dela e que não vê que a construção civil trouxe tantos ‘malefícios’ para o município. 

“Hoje temos o metro quadrado mais valorizado do Brasil. Precisamos da verticalização para diminuir o adensamento. A construção civil não é um ‘tubarão’ e atende uma demanda existente”, opinou.

Promotor rebateu

Eduardo Sens dos Santos, Promotor de Justiça de Chapecó, que discordou de Gil, opinou que em Balneário houve ‘furto do sol, ar e saúde’ e que ‘são absurdos’ os prédios como os construídos em Balneário Camboriú. 

Eduardo rebateu a opinião de Gil sobre a construção civil atender demanda existente e afirmou que na realidade ‘criam’ uma demanda, já que muitos dos compradores dos imóveis de luxo de Balneário Camboriú são investidores que não vêm morar na cidade, deixando ‘apartamentos fantasmas’, causando um ‘impacto gigante’ na cidade sem sequer utilizarem os apartamentos. 

“O Ministério Público precisa da comunidade e associações de moradores para estancar isso. Hoje, tiram o sol, o ar e a saúde dos vizinhos para enriquecerem. Prédio não é legado, não podemos deixar esse furto acontecer. Em Chapecó eu fui atrás de diversos prédios que estavam sendo aprovados e investigamos, vimos os projetos, e havia muitos que não eram necessários, que iriam impactar, e não foram aprovados. Não sou contra a verticalização, mas não gosto de quem fala que não podemos falar de Balneário Camboriú por não morar em Balneário Camboriú”, pontuou.

A cidade como ela é

(Foto Renata Rutes)

A secretária do Meio Ambiente de Balneário Camboriú, Maria Heloísa Lenzi, não estava participando como painelista, mas estava na plateia e pediu para opinar sobre o debate. Ela explicou que há uma ‘equalização’ em Balneário Camboriú, apontando que, apesar da Praia Central ser muito verticalizada, nas praias agrestes há controle, com um plano de manejo existente, citando que ‘não é possível horizontalizar tudo’ por não haver espaço. 

“Fiscalizamos e buscamos soluções. Verticalização pode ser um problema, mas sabemos dos nossos problemas [de Balneário] e gostamos da nossa cidade como ela é. Eu não tenho sol em minha casa, mas há outras vantagens de morar em Balneário Camboriú. Quem fala mal é quem não mora aqui e me dói falarem mal de nossa cidade”, disse.

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