Balneário Camboriú possui o único laboratório municipal de testagem de Covid-19 da região, que fica dentro do COE (Centro de Odontologia Especializada), na Rua Ceará, no Bairro dos Estados. Desde a sua inauguração, já foram realizados no local 18.500 testes [de RT-PCR], 400 testes rápidos para detectar anticorpos e cerca de 10 mil testes rápidos para detectar antígenos – a média é 140/dia, mas já houve dias em que os profissionais testaram 300 pessoas em um só dia. A equipe do laboratório é composta por bioquímicas e odontologistas, que são os coletores.
O Página 3 conversou nesta semana com a bioquímica Suzilene Martins de Oliveira e com a coletora e dentista Monique Giselle Saut que relataram como é a rotina do local.
Único laboratório municipal da região
Segundo as profissionais, no Centro Covid também é realizada a coleta, além ainda dos testes que são enviados para o LACEM (o laboratório estadual, localizado em Florianópolis), assim como na UPA do Bairro das Nações e no PA do Bairro da Barra, mas o único laboratório municipal oficial (da cidade e da região) é o localizado dentro do COE. Inicialmente, a prefeitura realizava, através de convênio com um laboratório de Blumenau, o teste PCR, mas agora é utilizado o teste rápido, através da coleta pelo trato respiratório [swab nasal], com o resultado saindo em 15 minutos.
“Coletamos cápsulas virais, por isso é rápido, o resultado sai em 15 minutos. Inicialmente fazíamos o PCR, e por isso demorava mais para sair o resultado”, relembra a dentista Monique.
18 mil testes
Há dias em que o trabalho no local é intenso – atuam quatro coletores por turno, e eles atendem cerca de quatro pessoas a cada 15 minutos [o tempo que demora para sair o resultado do teste rápido], por isso que a equipe precisou do apoio da UPA, PA e Centro Covid.
“Há dias em que testamos 140 pessoas, outros 120. Por mês chegamos a testar entre 500 e 600 pessoas. Desde que começamos, somente no laboratório, testamos cerca de 18 mil pessoas, mas esse número deve chegar a 40 mil exames, considerando os outros locais de coleta e também o LACEM”, conta a bioquímica Suzi.
O número de positivados varia a cada mês entre 20 a 30% – na última semana, esse número foi de 20%, já nesta baixou para 12%. Desde dezembro para cá o ‘montante’ mensal não baixou de 30%, mas varia semanalmente.
Há ainda os particulares – como em farmácias, onde, segundo as profissionais, há testes entre R$ 80 e R$ 90 – mas há a preocupação com a eficácia deles, e ainda nos laboratórios particulares, que podem variar entre R$ 150 e R$ 250, já que hoje não há um ‘tabelamento’ do preço desses exames.
Teste no laboratório precisa encaminhamento médico
Porém, segundo Suzi, houve semanas – a exemplo dos meses de junho e julho, quando a pandemia chegou em seu ‘auge’ de 2020 – em que chegaram a ser testadas 300 pessoas somente em um dia
“Os ciclos variam conforme cada mês. Por exemplo, se há feriado, como Carnaval e Ano Novo, ou então temporada, aglomerações, aumentam as coletas, o pico ‘sobe’. Para testar no laboratório municipal é preciso ter um encaminhamento médico, como da UPA, PA, não pode vir com médico particular, assim não conseguimos testar”, diz, afirmando que a atitude das pessoas influencia diariamente.
Um ‘problema’ que vem acontecendo são as pessoas que marcam o teste e não comparecem, atrasando o trabalho dos profissionais e afetando quem precisava testar e não conseguiu horário. Há ainda quem faz teste particular, positiva e mesmo assim resolve ir ao laboratório municipal para ‘confirmar’.
“Sendo que é óbvio que, se deu positivo no particular, também vai positivar aqui. Deveriam deixar o laboratório municipal para quem não tem condições de fazer no particular. Outra situação que enfrentamos são pessoas que esperam positivar para se isolarem, sendo que já estavam com o vírus. Contam que estavam trabalhando normal, sendo que já havia a suspeita de estarem com Covid. Não pode esperar positivar, quando você saiu do médico já precisa fazer a sua quarentena”, acrescenta a bioquímica.
Para testar no laboratório é preciso fazer até o 8º dia de sintoma. Há uma agenda que é seguida pela equipe, porém, se há casos emergenciais faz-se um encaixe.
Jovens e adultos
A dentista Monique lembra que atualmente o principal público vem sendo os jovens e adultos – entre 22 e 40 anos.
“Vem também idosos e crianças, atendemos também pacientes mais debilitados, como ainda moradores de rua, mas realmente nos últimos tempos atendemos muitos jovens e adultos e são os que mais positivam. As crianças também estão vindo bastante, algumas positivam, mas é uma porcentagem baixa – entre 10, uma positiva. A maioria vem com problemas respiratórios normais”, conta, citando que os jovens confessam que pegaram por estarem saindo e aglomerando.
A bioquímica Suzi completa que, quando possível, aproveitam para conscientizar esses pacientes do quanto essa atitude é errada e pode afetar as pessoas próximas deles, como familiares e amigos.
“Passamos sempre a orientação de que é preciso usar máscara e seguir com os cuidados, a segurança realmente precisa ser mais intensificada”, afirma.
Profissionais se sentem seguros, com bons aparatos e EPIs
Suzi e Monique explicam que elas e seus colegas se cuidam muito na hora do trabalho, mas que por estarem expostas ao vírus há a ‘oportunidade’ de se contaminar, mas que a prefeitura lhes cede todos os aparatos necessários.
“Sempre estamos muito bem paramentados, porém, por mais que o cuidado que temos seja grande, às vezes há um momento em que você precisa tirar a máscara para comer, trocar de roupa… podemos nos contaminar fora do trabalho também, de alguém da família. Cerca de 40% da nossa equipe já pegou, mas nenhum chegou a ser hospitalizado”, diz Suzi.
As duas profissionais dizem que o prefeito Fabrício Oliveira e a Secretaria de Saúde cuidam muito da equipe, com organização e todos os EPIs necessários.
“A biossegurança é uma prioridade, é tudo muito bem organizado, assim como a nossa coordenadora, Priscila Teixeira. Toda a nossa equipe já foi vacinada, pois todos estão muito em contato com o vírus. Estamos muito contentes com o tratamento que recebemos”, afirma Monique.
Equipe
Diariamente, trabalham no laboratório oito dentistas e um enfermeiro [Marianna Louise Gomes Coutinho, Monique Giselle Saut, Sonia Mara Soares, Alexandra Sena Vieira, Larissa Michel Gaya, Wilson Cabral, Graziela Tomaselli Fidelis, Julian Carvalho Jorge e Benoni Sidinei Brizolla (enfermeiro)], além de duas bioquímicas, Suzilene Martins de Oliveira e Glenda Sabrina Morales Franco, além ainda da equipe administrativa, serviços gerais e a coordenadora – que é a mesma do COE, Priscila Teixeira.
O laboratório municipal funciona de segunda à sexta-feira, das 7h10 às 18h20, na Rua Ceará, no Bairro dos Estados, em Balneário Camboriú.